sexta-feira, 4 de abril de 2014

BRUNO NEGROMONTE

Histórias e estórias da MPB - Parte 08
A certo tempo atrás tive a oportunidade de trazer ao conhecimento dos amigos do Blog do Lando algumas estórias e histórias desse que foi, segundo pesquisa da revista Rolling Stones Brasil e suas polêmicas listas, a maior voz da música brasileira. A biografia e algumas curiosidades acerca do Tim Maia publicadas nesta coluna restringiam-se a um período em que seu nome não havia atingido ainda as paradas de sucesso e a gravação do seu primeiro LP não passava de um objetivo a ser conquistado.
Hoje quero trazer aos amigos leitores algumas curiosidades sobre as canções gravadas feitas pelo artista tijucano, a maneira como foram compostas e o que contribuiu para torná-las estrondosos sucessos pelo país afora. 
Para começar gostaria de relembrar o clássico “Azul da cor do mar”. Nos tempos de dificuldade em São Paulo, Tim procurou ajuda junto ao amigo e cantor Fábio, que tornou-se nacionalmente conhecido no final da década de 60 com a canção “Stella”. Fábio e o seu empresário Gláuco Timóteo dividiam um apartamento de dois quartos, quando Tim Maia os procurou pedindo abrigo. A única alternativa que havia era o sofá (batizado carinhosamente como dromedário por possuir desniveis que lembrava o mamífero). Além da hospedagem Fábio ainda conseguiu que Tim abrisse algumas de suas apresentações apresentando-se também como cantor. O shows para Fábio não paravam de surgir nos quatro cantos do Brasil, porém, por vezes, Fábio não tinha a oportunidade de encaixar a apresentação do amigo Tim como aconteceu em uma das viagens em que ele e o empresário fariam para espetáculos em Salvador e Recife. Tim não podendo ir ficou no apartamento e a primeira providência que tomou foi abandonar o sofá para poder dormir de modo mais confortável em uma das camas dos amigos. Testou a cama de ambos e preferiu acomodar-se no quarto de Gláuco, onde havia em frente a cama um imenso poster de uma morena inteiramente nua e ao fundo o mar do Taiti, composto por um azul hipnotizante. Ispirado no poster e na solidão que o acompanhava naquele momento nasceu um dos clássicos do seu repertório e da música popular brasileira.
Outra canção que tem uma estória interessante é a segunda faixa do lado A (como diria os saudosos adoradores do vinil) do primeiro disco de Tim lançado em 1970. A faixa “Cristina” trata-se de uma homenagem a uma bunda. Isto mesmo, há uma homenagem a uma bunda no primeiro disco do Tim!. A faixa é uma parceria entre Tim Maia e o produtor, apresentador e compositor Carlos Imperial em homenagem a uma mulata que prestava serviços dométicos a uma amiga de Tim. Vez por outra Tim Maia chegava ao prédio da amiga Maria Gladys subia a cobertura e chegava cantarolando “Vou ver Cristina…”. Essa frase acabou tornando-se o refrão dessa sua composição.
Dentre tantas outras composições de Tim destacaria também a canção “Réu confesso”, cuja letra foi inspirada a partir de um conturbado relacionamento vivido pelo cantor na década de 70. Cada vez mais envolvido com drogas lícitas e ilícitas, o artista chegou ao ponto de agredir fisicamente a companheira que deu entrada no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, com hematomas, escoriações e contuções.

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