ARTES
Núbia Nonato |
-- Judia dela não! Deus castiga!
Indiferente aos apelos de minha irmã, amarrei uma linha na pobre da
lavadeira e, enquanto a bichinha planava, eu dava corda. Quando enjoava do
brinquedo soltava o bicho.
Dormia como um anjo sem o menor peso na consciência. Podem acreditar, as
idéias surgiam do nada, nunca fui boa estrategista.
Hora do almoço, a vizinha fritava peixe e simplesmente a ideia veio.
Molhei o papel higiênico e fiz boas pelotas, arremessei-as através de um vão
entre o telhado e a parede e zás! Acertei em cheio. Ouvi os xingamentos da
mulher e a sombra impiedosa de uma vassoura.
Dia de temporal, o valão virava rio e lá íamos nós em mais uma grande aventura.
Resultados da infeliz incursão, dias e dias de muito chá de chapéu de couro pra
curar as perebas e uma estranha coceira que nos acometeu.
Mais alguma coisa? Ah! Sim, com certeza! Mas deixa pra próxima.
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