SORTILÉGIO
É noite de lua cheia, única em sua beleza etérea,
ela se banha
nas águas do ribeirão.
Emerge nua e das gotas que escorrem pelo seu corpo,
surgem
pequenos cristais que forram o chão formando um
tapete de
estrelas.
A cadência de seus passos movimenta a brisa que
espalha um
cheiro de jasmim.
Com o coração aos pulos ela espreita. Ele está por
perto.
Caminha na escuridão e toca suas mãos frias guiando
os seus
passos. Mas ele já está tomado de urgências e suas
narinas
se dilatam como as de uma fera.
Derruba-a no chão penetrando-lhe nas entranhas,
saciando uma
vontade voraz que nem sabe de onde surgira.
Olhando-a nos olhos, agora quase mortiços, cobre
sua boca com
um beijo longo e ardente.
Arrebata-a uma vez mais e atônito vai embora.
A bela levanta sorrindo e abraça seu corpo.
Retorna para as águas do ribeirão onde espera
placidamente encantar
mais um filho da terra.
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