quarta-feira, 23 de abril de 2014

ATÉ A MARINHA, MAFALDA! ATÉ A MARINHA!

poesialvaro.blogspot.com

O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, entrou em sua casa com o jornal embaixo do braço e cara de poucos amigos. Fez questão de não cumprimentar ninguém. Foi direto para a edícula, misto de escritório e depósito de quinquilharias. Ficou ali por mais de hora. Mafalda, companheira de décadas, sabe que nesses momentos o melhor a fazer é não fazer nada. Só resta esperar. Foi o que fez.

Pouco antes da hora do almoço, a fera apareceu na sala segurando o jornal, sentou-se na poltrona, permaneceu mudo por bom tempo. Seus olhos eram olhos de decepção e ira. Mafalda sabia que, a qualquer momento, ele rasgaria o verbo. Foi o que se deu.

-- Não se pode acreditar em mais ninguém, minha velha, em mais ninguém. Está, aqui, escrito com todas as letras no jornal: a Marinha ia gastar R$ 234 milhões com salmão, uísque, queijo chique, cerveja e produtos básicos, cujos preços eram muito superiores aos cobrados pelo varejo. A que ponto nós chegamos! Só não comprou porque o jornal denunciou a bandalheira antes.

-- Deixe isso pra lá, meu velho.


-- A Marinha está nas mãos de comunistas. Só pode ser. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário