terça-feira, 23 de maio de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: RICARDO NOBLAT



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FOTO: ARQUIVO GOOGLE




LULA DESEMBARCA EM BRASÍLIA
PARA TRATAR DA SUCESSÃO DE TEMER

Por Ricardo Noblat
GLOBO.COM – 23/05/2017

Na condição incômoda de denunciado pela terceira vez à Justiça Federal do Paraná por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcará esta manhã em Brasília para tratar da sucessão do presidente Michel Temer.

Para o público externo, se provocado, ele continuará defendendo a realização de eleições diretas, já, para a escolha de um novo presidente da República. Para o público interno, formado por políticos do PT e de demais partidos, admitirá que eleição via Congresso é a solução possível.

Lula já reconheceu entre amigos que o forte apoio às diretas, já, só se manifesta por meio de pesquisas de opinião pública. Os brasileiros, segundo ele, não parecem dispostos a ir para as ruas em sua defesa. De resto, mudar a Constituição para fazer as diretas exigiria muito tempo.

Ele acha que não haveria no Congresso votos suficientes para aprovar uma proposta de emenda à Constituição. E que, de resto, o país não poderia ficar paralisado à espera do que não virá. Para ser aprovada, a proposta precisaria de dois terços dos votos na Câmara e no Senado.

Para que o Congresso eleja o sucessor de Temer bastariam os votos de 257 dos 513 deputados e 41 dos 81 senadores. Se mais de um candidato concorrer, o eleito será o que obtiver mais votos. Lula entende que a oposição não deverá ficar de fora desse jogo. Daí sua viagem a Brasília.

Primeiro, Lula ouvirá a opinião dos seus colegas do PT, embora saiba que a maioria deles já se agrupa em torno de nomes de prováveis candidatos. Depois irá ao encontro de líderes de partidos que apoiam o governo para iniciar negociações.

Na noite da última quarta-feira, tão logo o site de O GLOBO divulgou a gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista, dono do Grupo JBS, deputados do PT e do PC do B se reuniram com deputados do PMDB, PSDB, DEM, PPS e PSB na casa de Rodrigo Maia, presidente da Câmara.

Ali, ouviram um discurso de Roberto Freire (PPS), então ministro da Cultura, a favor da renúncia de Temer. Raul Julgman (PPS), ministro da Defesa, saiu da casa de Maia em meio ao discurso de Freire. Foi chamado por Temer para um encontro no Palácio da Alvorada.

PT e PC do B deram parte dos seus votos para eleger Maia presidente da Câmara. Têm com ele um bom diálogo. “Se não fosse o fato de que Maia foi citado na delação da Odebrecht, a escolha dele para a vaga de Temer seria uma nomeação”, revela o líder de um partido aliado ao PT.

Rodrigo Janot, Procurador Geral da República, está inclinado a deixar de fora das investigações os políticos que receberam abaixo de R$ 500 mil de caixa dois e que nada deram em troca aos doadores. Seria o caso, por exemplo, de Maia e de alguns deputados.
Se depender de Lula, outro nome deveria ser examinado também pelos partidos – o de Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro dos governos dele e de Dilma. Jobim conta também com a simpatia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Não será fácil emplacar um nome de fora do Congresso. Deputados e senadores consideram que isso seria passar um atestado de que não existiria entre eles um único nome capaz de presidir o país. A ter que sair, o próprio Temer pretende influir na escolha do seu sucessor.

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