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SANATÓRIO GERAL
Espelho, espelho meu
“Lamento sinceramente minha
ingenuidade ─ a que ponto chegamos, ter de lamentar a boa-fé! Não sabia que na
minha frente estava um criminoso sem escrúpulos, sem interesse na verdade, querendo
apenas forjar citações que o ajudassem nos benefícios de sua delação. Além do
mais, usei um vocabulário que não costumo usar, e me penitencio por isso”.
(Aécio Neves, em sua última coluna na Folha, na qual comentou as gravações
feitas por Joesley Batista, explicando que, se soubesse que estava em frente a
um criminoso, não teria agido como um)
Regra ou exceção?
“Logo de cara, vi que ele
era um falastrão”. (Michel Temer, ao revelar por que não
repreendeu Joesley Batista quando o dono da JBS disse que pagava subornos a um
procurador e dois juízes, sem explicar se foi uma exceção ou se sempre costuma
perder mais de 40 minutos com falastrões em conversas reservadas, altas horas
da noite, no Palácio do Jaburu)
Calendário malandro
“Quando tentou muitas vezes falar comigo,
achei que fosse por questão da Carne Fraca”. (Michel Temer, em entrevista a
Folha, ao tentar justificar o
encontro semi-clandestino com Joesley Batista, fingindo ignorar que a conversa
nada republicana no Palácio do Jaburu ocorreu dez dias antes da deflagração da
operação Carne Fraca pela Polícia Federal)
Contrato é contrato
“Fiquei com a Dilma até a
última hora, fico com Temer. Somos governo, temos de pagar o preço. Sou
daqueles que apaga a luz”. (Aelton Freitas, deputado federal
pelo PR de Minas Gerais, valorizando o próprio currículo e aproveitando para
informar que, desde que o pagamento continue em dia, o contrato de aluguel com
o PT, renovado sem dificuldades com o PMDB, pode ser renegociado com qualquer
outro partido que assumir o governo)
Regras são regras
“Se me relatasse pagamentos
de propina ou caixa 2, mandaria prendê-lo”. (Renan Calheiros, ao
defender-se da acusação de que teria recebido dinheiro da JBS, revelando que só
fala sobre determinados assuntos por meio de terceiros ou mensagens em código)
Delicadeza & elegância
“O ministro é um bosta de um
caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde, pede pra sair”.
(Aécio Neves, na conversa gravada por Joesley Batista,
reclamando com a delicadeza e elegância reservadas para momentos de descontração
em bate-papos com amigos delinquentes de que o ministro da Justiça Osmar
Serraglio não fazia parte do bando)
Essa é boa
“A referência ao nome de
Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações
premiadas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência ─
ainda que frivolamente ─ ao nome do ex-Presidente”. (Cristiano Zanin Martins,
advogado de defesa de Lula, na nota em que isentou seu cliente da acusação de
que ele e Dilma Rousseff teriam recebido pelo menos US$ 150 milhões em propinas
da JBS, revelando que os irmãos Joesley e Wesley, que ficaram bilionários
graças aos governos petistas, só começaram a comprar partidos e políticos nos
últimos 12 meses)
Neurônio seletivo
“Dilma Rousseff rejeita
delações sem provas ou indícios. A verdade virá à tona”. (Dilma Rousseff,
disfarçada de assessoria de imprensa, ao comentar as acusações de Joesley
Batista de que teria recebido US$ 150 milhões em propinas pagas em contas no
exterior, avisando que só aceita delações envolvendo partidos e políticos da
oposição)
Coerência é isso aí
“Vamos pedir a renúncia
imediata do presidente da República, que tomou o poder de forma golpista.
Segundo, vamos iniciar um processo de impeachment com base nesses fatos.
Terceiro lugar, queremos aprovar imediatamente o projeto de emenda
constitucional do deputado Miro Teixeira que prevê a convocação de eleições diretas
já”. (Carlos Zarattini, líder do PT na Câmara, confirmando um
dos memes que circulam pelas redes sociais ao informar que, pelo menos hoje, o
partido reconhece que gravar um presidente não é crime, delações premiadas
podem ser usadas como prova e a Lava Jato tem tudo para salvar o Brasil)
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