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-- Querem saber? Ando cansado. Penso seriamente em cancelar a
assinatura do jornal e deixar de acompanhar o noticiário de rádio e tevê. Não
suporto ler, ver e ouvir tanta lambança. Tenho a impressão, Ananias, de que
seus colegas de profissão nos tomam por imbecis.
-- O que houve? – lhe perguntaram os dois, em uníssono.
-- Com a possível reforma da Previdência, não há dia nem hora, em
que não apareça um gaiato (ou gaiata) para nos dizer que as pessoas precisam
ter cautela, mais responsabilidade etc. Onde já se viu, segundo eles, alguém não ter
previdência privada? Esses “analistas” são lesos. Ou cínicos – o que é mais
provável. Vão-se catar. A maioria das pessoas não ganha sequer para comer, isso
quando está empregada. Francamente.
-- Veja bem, Velho Marinheiro: é que...
-- Ananias, não me venha com esse seu corporativismo de padaria. Não
é tudo, não. Não há santo dia em que não apareça “especialista”, para nos
lembrar que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, aperfeiçoamento
continuado. Quem não fizer novos cursos, não investir em línguas e sei lá o que
mais está lascado. Ora, volto ao que há pouco já lhes disse. Se o sujeito não
ganha para comer, se é obrigado a fazer bicos e mais bicos, para sustentar a
família, como ter tempo e dinheiro para estudar?
-- É verdade, é verdade – concordaram Deolinda e seu decote generoso.
-- Ananias: vamos mudar de assunto, esse já rendeu o que tinha que render.
Vamos comemorar a presença, entre nós, da “Gabriela” de Vila Invernada.
-- Boa ideia, boa ideia – animou-se o jornalista desempregado.
-- Carneiro: traga bebida para a gente e uma porção de bolinhos de
arroz, mas fritos na hora. Deolinda só merece coisas boas. E os analistas que
se danem, safados. (OS)
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