Ilustração: arquivo Google |
Não bateu hoje, não.
Tem batido há tempos. Saudade do tio, saudade da tia.
Acho que a prima à distância, via FB, direto de Floripa, turbinou a danada da saudade sem preço. Coisa boa ter tios de que quem não
se esquece jamais. Iraci e Valésia. Tive outros, igualmente queridos. Dei sorte. Antônio, Tonico, Orlando, Laura "Pamonha"...
Nunca conheci ninguém
tão querido e teimoso como tio Iraci.
Menino, eu gostava
demais de almoçar arroz com feijão, bife, ovo frito, salada, na casa dele. Coisas da tia. Mulher
de ouro. Ele chegava, ouvidos moucos, carinhoso, víamos juntos - ele, eu e a
nossa fome - o noticiário esportivo. Tempos de Geraldo Breta. Gremista, meu tio.
Corintiano também. Gostava de ficar por ali, dois, três dias. Nas
férias. Só para almoçar o almoço da tia Valésia e ver o futebol com o tio.
O tio nunca ouviu bem.
Iraci, surdo. Valésia, paciência de Jó, gritava para que ele a ouvisse. Ela
gritou uma vida toda, com o carinho de quem ama. Iraci implicava. Só quem ama
implica.
Compraram um aparelho
para o tio. O tio passou a ouvir tanto que o aparelho ficava mais desligado que ligado. Ele não suportava o clamor das ruas, menos ainda as falas de tia Valésia. Sempre altas, altíssimas.
A tia passou a vida
gritando para que ele a ouvisse. Para a tia, não era possível voltar a falar baixo, uma
vida inteira falando alto, para seu amor ouvir!
E ele com
aquela impaciência e teimosia queridas: “Lá vem a Valésia”. Baixava o som do
aparelho. Pura birra. Era seu jeito de dizer: “Valésia, te amo.”
(junho de 2014)
É verdade...o padrinho e madrinha eram de uma cumplicidade linda de se ver!!!
ResponderExcluirSempre muito receptivos e carinhosos...cheio de histórias para contar...
Ela falava mto alto realmente..e eu achava fofo como ela chamava ele: velho vem cá...velho faz isso...
Fico com uma lembrança muito boa deles!
Jamais esquecerei...
Torço muito para que a madrinha melhore, embora infelizmente, o bom tempo não voltará...
Essa frase deixa diz tudo:
"Se as boas lembranças nos faz sorrir em paz, é porque independente do tempo ou distancia, o que foi bom permanecerá em nossas memórias."