IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
ENTRE ANJOS E DEMÔNIOS
Que cada um cuide bem dos seus
demônios.
Eu também tenho os meus e os trato a
pão-de-ló.
São eles que me ressuscitam para vida
quando me sinto sufocado e anestesiado pelos sons celestiais dos anjos que se
vendem a prestação em cada esquina da cidade.
Que cada um cuide bem dos seus
demônios.
Aproveitem enquanto ainda estão
marginalizados e não se tornaram produtos rentáveis explorados pela sociedade
de consumo.
Que cada um cuide bem dos seus
demônios, pois sem eles seríamos metade, incompletos e não beberíamos na fonte
rejuvenescedora da maldade.
Que cada um cuide bem dos seus
demônios, explorem a sua permissividade, a sua falta de pudor, de ética, de
moral, pois sem eles jamais saberíamos os limites entre o certo e o errado.
Que cada um cuide bem dos seus
demônios, pois sem eles morreríamos de tédio, esqueceríamos os prazeres
mundanos, desconheceríamos o lado impuro e podre de cada um de nós. (Recife, 2009)
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