quinta-feira, 28 de abril de 2016

QUASE HISTÓRIAS



PAPINHO COM PEDRO, O SANTO

- Pois é, seu Pedro. Ela ia e vinha, vinha e ia, na sua labuta diária: batia o lixo, dava alpiste aos passarinhos, trocava os lençóis, limpava a louça, e eu ali, quase morto, fingindo desinteresse, fumando meu cigarrinho de aposentado. Sabe como é – não sabe, não? Olho grande, espichado nela. Redondinha que só. Bateu vontade, muita vontade, quase fome. Veio o tal do mal súbito... Estou aqui. É isso. Nada mais a declarar. Morri de tesão.

- Bela morte. Você é um abençoado. Para onde você quer ir: céu, purgatório?

- Pra casa. Preciso dar serventia ao desejo. (OS – 2016)


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