quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

CRÔNICA: WALCYR CARRASCO

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 AS PERSONALIDADES E AS REDES

As pessoas postam fotos sensuais. Enviam junto
com o primeiro “oi”. Likes viciam tanto quanto o crack

Por Walcyr Carrasco
Época – 12/12/2017

Ando surpreso como as redes sociais transformam as pessoas. Ou revelam outros lados da personalidade. Os nudes, por exemplo. Sou de uma época em que havia prós e contrários à nudez. Uma atriz famosa, ao posar nua, provocava escândalo – e maravilhamento. Algumas se negavam: nua, jamais. Homens, nem pensar. Hoje ficar nu é habitual. As pessoas postam fotos sensuais. Enviam junto com o primeiro “oi, tudo bem”. Eu não caí na tentação do nude devido a minha barriga. Explico. Quando olho para baixo, vejo somente meu umbigo. Não me sinto habilitado a posar para um clique pelado. Já se tornou comum certo tipo de escândalo: um ator famoso é flagrado num vídeo íntimo. Viraliza nas redes. Eu me pergunto: foi mesmo uma câmera oculta? Ou um vídeo transmitido pelo próprio para alguém? Pior: quem sabe o próprio alvo do escândalo seja autor do vazamento?

Likes viciam tanto quanto o crack. Tenho um amigo que posta fotos de si mesmo sem camisa, na academia, na praia etc. É um executivo de mais de 40 anos. Em sua loucura, posta também as viagens de fim de semana, que começam na sexta-feira e terminam na tarde de segunda-feira. Perdeu um emprego, por motivos nebulosos. Fez entrevista para outro. O futuro chefe pediu:

– Não se exponha mais na internet.

Adiantou? Não. Meu amigo segurou duas semanas. Admitido, voltou a publicar fotos sem camisa, com a expressão de quem se acha a suprema beleza neste Universo. Por que acredita que seus seguidores têm interesse em vê-lo na academia praticamente todos os dias? Ou de sunga na praia? Conversei.

– Cuidado ao postar todas as fugidas de fim de semana, inclusive a outros países. Vai causar descontentamento e inveja entre quem trabalha com você.

Ficou duas semanas sem postar. Agora não resiste mais. Exibe os cliques. Não causa só inveja. Evidencia que está matando tempo do trabalho. Não há mais o que dizer. A internet transformou um homem até tímido num exibicionista. Outro amigo já sabe analisar a personalidade de alguém por meio de quem segue. Examina os amigos nas redes sociais. Descobre qual é seu campo de interesse. Recentemente, estávamos falando sobre uma pessoa que se aproximou de mim. Como costuma acontecer, há muita gente que forja uma amizade, garantindo que não tem a menor vontade de ser ator ou atriz... para depois dar o bote e pedir um papel. Faz parte da minha vida. Em geral, são pessoas sem experiência na área artística, para quem o sucesso na mídia é algo instantâneo e milagroso. Não uma profissão. Esse amigo de quem falei abriu o Instagram de alguém que tentava uma nova amizade.  Ela só seguia famosos.

– É óbvio o fascínio pela fama.

“O distanciamento da internet é que permite tal nível
de hostilidade. Se estivéssemos conversando,
discutiríamos e a amizade continuaria”

Conhecem-se as profundezas e até os desvios do caráter analisando as redes sociais de alguém. Essas mesmas pessoas, muitas vezes, na vida cotidiana são tímidas. Têm profissões comuns. Por que postam cada pedaço de pizza no fim de semana? Óbvio. A possibilidade de aparecer estimula o exibicionismo. São poucos os que postam livros. Frases, há muitos. Mas a maioria gosta de mostrar a si mesmo. Ou até de estabelecer uma relação de poder. Recentemente, um amigo de muito tempo separou-se. Pediu a todos os seus amigos que excluíssem seu ex das próprias redes. Argumentou que era uma atitude para deixar claro ao rapaz que já não pertencia a seu mundo. Pessoalmente, sou adepto do velho ditado: “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Adaptado para os novos tempos, quer dizer simplesmente: quando um casal se separa, melhor não tomar partido. E se depois os dois voltam? Terei feito péssimo papel. Também considerei a questão do ponto de vista ético. Um queria dar uma demonstração de poder sobre o outro. Por que devia participar disso? E não excluí o outro.

Resultado: recebi de meu ex-amigo, pela internet, uma mensagem que até me chamava de “alma trevosa”. Francamente, alguém falaria isso ao vivo? O distanciamento da internet é que permite tal nível de hostilidade. Se estivéssemos conversando, discutiríamos e a amizade continuaria. Mas, diante de tal mensagem, reagi. Excluí meu antigo amigo de todas as minhas redes, bloqueei etc. Mas me assustei com a maneira como as redes sociais evidenciam aspectos de alguém, que não conheceríamos de outra maneira. Mais. Estimulam esses aspectos a emergir.

Continuo a ser um admirador da internet e de tudo que ela proporciona. Mas não me engano mais. É perigosa até para minha própria personalidade. Ainda bem, já me dei conta. É um vício.

HORA DA VITROLA: CANDEIA (DE QUALQUER MANEIRA)

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 DE QUALQUER MANEIRA
De Candeia
Com Teresa Cristina e Diogo Nogueira



De qualquer maneira
Meu amor eu canto
De qualquer maneira
Meu encanto, eu vou sambar

Com os olhos rasos d'água
Com o sorriso na boca
Com o peito cheio de mágoa
Ou sendo a mágoa tão pouca
Quem é bamba não bambeia
Falo por convicção
Enquanto houver samba na veia
Empunharei meu violão

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Sentado em trono de rei
Ou aqui nesta cadeira
Eu já disse, já falei
Seja qual for a maneira
Quem é bamba não bambeia
Falo por convicção
Enquanto houver samba na veia
Empunharei meu violão



terça-feira, 30 de janeiro de 2018

IMAGENS: ROY LICHTENSTEIN (POP ART)


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Roy Lichtenstein (Nova York, 1923 – Nova York, 1997) foi um pintor pop norte-americano, conhecido por seus quadrinhos, pintados em enormes telas, onde os textos se integram à pintura.

UM HOMEM (QUASE) PERFEITO

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ILUSTRAÇÃO: FREEPIK

O dia, claro, tem 24 horas, mas só para os medíocres, para os que vivem aferrados ao passado, para os que não têm pique para enfrentar o mundo moderno. Este, definitivamente, não era o caso do marido da melhor amiga da neta do Velho Marinheiro. O homem – a se tomar como verídicas 5% das afirmações da esposa deslumbrada – é um azougue pós-moderno. Joga bem em todas as posições, toca diversos instrumentos, faz e acontece por onde passa. Seu dia vale uma semana, rende mais que bolinho de chuva.

Sem que ninguém lhe perguntasse detalhes – muito menos o Velho Marinheiro, proibido pela família de tecer qualquer comentário na frente de visitas –, a moça passou a emendar um elogio no outro, de modo que a conversa deixou de ser conversa para se transformar numa espécie de embolada em homenagem a seu marido, que ali ninguém tinha o prazer de conhecer:

-- Ele é como o tempo: não para nunca. Antes de sair para o trabalho, corre por uma hora, lê três jornais enquanto toma o café da manhã, corre os olhos na agenda do dia, dispara diversos telefonemas, verifica os e-mails e as postagens nas redes sociais. Aproveita o tempo perdido no trânsito para estudar Francês. Ele fala, fluentemente, seis línguas, inclusive tupi-guarani. Não sei como suporta uma rotina dessas. Quase todos os dias, tem almoço de negócio. Não abre mão da happy hour com os amigos e clientes...

A neta do Velho Lobo do Mar percebendo a inquietação crescente do avô sugere que ele vá tirar uma soneca no quarto. Sua proposta é duramente rechaçada com um muxoxo equivalente ao famoso “daqui ninguém me tira”. A neta sabe o quão é imprudente contrariar o avô quando ele põe o calcanhar direito em cima da cadeira e passa a caçar o bicho-de-pé imaginário.

A moça retomou, com o entusiasmo de sempre, sua embolada de vida curta:

-- E sabem que meu marido ainda encontra tempo para fazer cursos e mais cursos? Não sei como tem disposição para ler tantos livros ao mesmo tempo, cozinhar, cuidar do jardim, levar os cães para passear, cuidar dos filhos, jogar frescobol... Haja fôlego. Temos uma vida social muito ativa também. E o danado é vaidooooso que só. É metrossexual... 

-- E ele comparece quando? – interrompeu o Velho Marinheiro, abandonando a mudez a que estava obrigado a manter na frente de visitas.

 Ante o silêncio sepulcral e o desconforto evidente, olhou para um lado, olhou para o outro, mirou o teto, pediu licença e saiu:

-- Vou cochilar no meu quarto. Lá não tem lagartixas. Com licença. (2013 - Atualizado em janeiro de 2018)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A ARTE DE SIMONE GRECCO. OU: BAILA COMIGO


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BAILA COMIGO 
De Rita Lee e Roberto Carvalho





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Nenhum texto alternativo automático disponível.

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Formada pela Faculdade de Belas Artes
de São Paulo (1972)  e com diversos cursos
de especialização nos Estados Unidos,
Simone Grecco é uma artista plástica –
mestre em esculturas em arame –,
cuja obra é admirada no Brasil e no exterior.
Para entrar em contato com Simone, acesse:


domingo, 28 de janeiro de 2018

CHÁ DAS CINCO: ALICE RUIZ

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Imagem: YouTube

MILÁGRIMAS

Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre

Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre

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Alice Ruiz

MILÁGRIMAS
Letra: Alice Ruiz
Música: Itamar Assumpção
Interpretação: Zélia Duncan




sábado, 27 de janeiro de 2018

HORA DA VITROLA: DJAVAN (MEU BEM QUERER)



MEU BEM QUERER
De Djavan



Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração

Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado
Pela emoção

Meu bem querer
Meu encanto
Estou sofrendo
Tanto, amor

E o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer
De amor?

IMAGENS: EDVARD MUNCH



O GRITO (1893)


A MADONA (1894/1895)


PUBERDADE (1895)


A MENINA DOENTE (1895/1896)



A DANÇA DA VIDA (1899/1900)


A MORTE D MÃE (1899/1900)



SPRING DAY ON KARL JOHAN (1891)



Pintor e gravador norueguês, Edvard Munch (1863 – 1944) foi um dos criadores do “expressionismo”. Sua obra aborda temas ligados aos sentimentos e tragédias humanas (angústia, morte, depressão, saudade). Suas imagens são desfiguradas e apresentam forte expressividade no rosto das personagens retratadas. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

HORA DA VITROLA: ÂNGELA RÔ RÔ

GOOGLE


AMOR, MEU GRANDE AMOR
De Ângela Rô Rô





Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções como as paixões
E as palavras
Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo ou se sou agua

Amor, meu grande amor
Me chegue assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente

(Refrão)
Que tudo que ofereço
É meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo

Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver
Que eu seja a ultima e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Me reconheça

(Refrão)

Amor, meu grande amor
Que eu seja a ultima e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Por favor,me reconheça

CARICATURAS: CARTOLA



NÁSSARA


AMARILDO



MELO



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PABLO

BAPTISTÃO


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CARLINHOS MULLER


RAFAEL CAMARGO


ANDRÉ CERINO


JORGE INÁCIO



JUNIOR COHEN

***

AS ROSAS NÃO FALAM



Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim

Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim

 ***

Angenor de Oliveira – Mestre Cartola – nasceu em 11/10/1908, 
no Rio de Janeiro e morreu na mesma cidade em 30/11/1980.

Para saber mais sobre Cartola, clique no link abaixo: