sábado, 30 de maio de 2015

CHARGES: DIRETO DA "BESTA"





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MÁRIO ALBERTO – LANCE



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RONALDO – JORNAL DO COMERCIO



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NICOLIELO – JORNAL DE BAURU



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A ARTE DE SIMONE GRECCO



ÁRVORE






PSIU! SIMONE FLERTANDO


Formada pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo (1972)
 e com diversos cursos de especialização nos Estados Unidos, 
Simone Grecco é uma artista plástica, cuja obra a todos encanta. 
No Brasil e no exterior.
Para entrar em contato com Simone, 
mestre em esculturas em arame, acesse


CLÓVIS CAMPÊLO

O FORTE DO PAU AMARELO




Nos anos 80, quando morava em Olinda e meus filhos eram pequenos, costumava ir com a família fazer pic-nic na praia de Pau Amarelo, ao lado do Forte. Na época, era um lugar aprazível, sem construções clandestinas. Escolhíamos uma árvore qualquer, na beira da praia, estendíamos a toalha e fazíamos a festa. As crianças adoravam aqueles momentos de lazer puro e barato. Uma verdadeira curtição.

Muitos antes de nós, porém, no dia 14 de fevereiro de 1630, segundo os historiadores, ali chegaram os holandeses da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais. Sob o comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck, ancoraram naquele local, no litoral norte de Pernambuco, com um contigente de 7.280 homens e 65 embarcações. Não vieram em busca de lazer barato, mas sim atrás dos lucros do açúcar aqui produzido. Com essa intenção, marcharam por terra e conquistaram Olinda e o Recife. Mas, essa história, todos nós já sabemos.

Embora os holandeses invasores tivessem entrado em Pernambuco pelo local, só 73 anos depois, em 15 de setembro de 1703, é que foi emitida uma Carta Régia ordenando a construção de um forte que servisse de defesa e oferecesse resistência a outras invasões.
O projeto ficou a cargo do engenheiro Luís Francisco Pimentel. A planta do prédio a ser construído foi por ele desenhada em aquarela e hoje se encontra arquivada no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, Portugal. Em 1707, porém, o infeliz engenheiro morria afogado nas águas do Rio Doce. A fatalidade retardou o início da construção que só se iniciaria em 1719. A conclusão do Forte de Nossa senhora dos Prazeres de Pau Amarelo, seu nome oficial, só aconteceria em 1738.

Segundo a historiadora Semira Adler Vainscher, em texto publicado no sítio da Fundação Joaquim Nabuco, em 1801 a fortaleza já possuia 12 canhões de calibre10 e 40. Em 1817, esse arsenal já havia evoluído para 3 peças de bronze, 24 peças de ferro, com uma guarnição de 14 praças e um tenente no comando. Antes, porém, em 1808, quando a sua planta chegou de Lisboa devidamente projetada e calculada, o monumento passou por uma grande reconstrução.

Hoje, apesar de estar situado na cidade do Paulista, o monumento pertence a Prefeitura da Cidade de Olinda, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 24 de maio de 1938, sob o número 84, no Livro das Belas-Artes.

As fotografias acima, retratando detalhes dos Forte em um dos seus vértices, foram feitas por mim, em 1990.

Hoje, passados mais de vinte anos da execução das fotos, sinto a necessidade de voltar ao local para novos registros e outros pic-nics. Dessa feita, levando os meus netos.


O FILHO "DELLA"

memoria.ebc.com.br

-- Doutor, doutor: passei a vida lutando contra as evidências.

-- Como assim?

-- Mamãe nunca foi o que eu gostaria que ela fosse. Soube por terceiros que ela deu para todo mundo: por prazer, por dinheiro, para sacanear papai. Mamãe dava por qualquer motivo! Que vício... Com o perdão pelas reticências.

-- Não vou mentir pra você. Dona Prazeres sempre foi mulher...

-- Diga: doutor.

-- De justificar o nome. Mas tenho boa notícia para lhe dar: você, Argemiro, não é filho dela, você foi adotado. De sua mãe de sangue ignoro o passado.

-- Ufa! Filha da puta não sou.




sexta-feira, 29 de maio de 2015

HORA DA VITROLA: DONA IVONE LARA (5/5)




TIÊ
Dona Ivone Lara

Tiê, tiê, olha lá... Oxá}
Tiê, tiê, olha lá... Oxá}

Passarinho estimado
Que me deu inspiração
Dos meus tempos de criança

Guardei na lembrança esta recordação
Representava pra mim
Carinho, amor e paixão
Lembrar do tiê
Despertou meu coração

A estrela no céu corre
Eu também quero correr
A estrela atrás da lua
Eu atrás do meu tiê

Bem que vovó me dizia
Criança, olha lá tome cuidado
Oxá esse seu passarinho
Está mal acostumado





MAS QUEM DISSE QUE EU TE ESQUEÇO
Dona Ivone Lara

Tristeza rolou nos meus olhos do jeito que eu não queria
Invadiu meu coração, que tamanha covardia
Afivelaram meu peito pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma, mas não secaram o olhar
Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso, e revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço
Láiá... Lá laiá... Lalaiá... Lá laiá ... Lá laiá... Lá laiá
Lá... Lá laiá... Lá laiá... Lá laiá




Livros sobre a vida artística de Dona Ivone Lara:

2009 – NASCI PARA SONHAR E CANTAR
DONA IVONE LARA: a mulher no samba
Escrito por Mila Burns - Editora Record

2010 – IVONE LARA – a dona da melodia
Escrito por Kátia Santos para a coleção Personalidades Negra
da Editora Garamond.

(Fonte: LIRIO BRANCO PROMOÇÕES & EVENTOS)






CHARGES: DIRETO DA "BESTA"




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GILX – JORNAL O DIA (PI)


ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU
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CÍCERO – CORREIO BRAZILIENSE



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PATER – A TRIBUNA



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SPONHOLZ – CHARGE ONLINE




NÃO ERA O MELHOR. MAS...




Não há quem não conheça Josué Lemos na Vila Invernada, bairro pobre da zona Leste de São Paulo, local em que nasceu, criou-se e entrou na pior idade. A vida dura o obrigou a se virar nos trinta, seja lá o que isso queira dizer. Ele é uma espécie de “faz tudo”, pau pra toda obra. Ergue e pinta paredes, enche laje, desentope canos, troca fiação, remenda calçadas e muros, cata lata, vende papelão, faz carreto na feira. 

Para Josué, não há tempo ruim. Gaba-se de estar a serviço da “comunidade” 24 horas por dia, de segunda a segunda, incluindo feriados. Só não trabalha na sexta-feira da Paixão. E o que é melhor – para os clientes, claro: é barateiro. Sobe no telhado por qualquer bagatela, apara grama de quintal e trepadeira de muros por duas pingas e uma cerveja. Nunca reclama do que lhe pagam: “Eu preciso de pouco pra viver”.

Josué só não gosta muito de fazer serviços na casa do Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar:

-- Ele é exigente demais, põe reparo em tudo, difícil agradar aquele homem. Quando começa a caçar o bicho do pé, então, me deixa nervoso, sei que a bronca é certa. Só vou lá por causa de dona Mafalda, um doce de criatura.

Sejamos justos: que o Velho Marinheiro tem gênio ruim, todo mundo sabe; mas não é o único a reclamar de Josué. Ao contrário. É raro encontrar alguém que elogie os serviços que faz. Afinal, ninguém pode ser bom em tudo, não é? Por que o contratam, afinal? Porque é boa praça, está sempre disponível, não bebe durante o expediente, é barateiro e de confiança, ao contrário da maioria de seus concorrentes, cujos serviços, em termos de qualidade, igualam-se aos seus.

Josué sabe disso. 

Quando alguém reclama disso ou daquilo, dispara seu bordão predileto: “Eu sou Josué Lemos. Não sou o melhor. Mas sou o que temos”.


(Publicado em 29/10/2013)




DALINHA





PEDALADA LEGAL


Final de tarde sem sol

Com brisa fresca a soprar

De repente me bateu

A vontade de pedalar

E montei na bicicleta

Por ser metida a atleta

Andei sem titubear.

***

Essa minha Pedalada

Não prejudicou ninguém

Não atropelei as regras

Fiz do jeito que convém

Abusar da transgressão

É desrespeito a nação

Pra isso não digo amém.


 


Dalinha Catunda é poetisa, 



BRUNO NEGROMONTE

CECILIA BERNARDES - ENTREVISTA EXCLUSIVA
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Com um trabalho que conta com a adesão de relevantes nomes do cenário musical brasileiro, Cecilia Bernardes que estreiou com pé direito.
As onze faixas que compõem "Carta", álbum de estreia da cantora e compositora Cecilia Bernardes, é um projeto bordado por letras e melodias que entrelaçam-se de modo bastante harmonioso, onde música e poesia fundem-se de modo ímpar espalhando-se ao longo das onze faixas presentes no disco. Outra característica bastante perceptível neste projeto é a celebração da amizade, a começar pela presença de dois nomes fundamentais para a execução e concepção do projeto: o da cantora, compositora e multi-instrumentista Natalia Mallo e o do poeta e compositor Luciano Garcez como o amigo leitor pode conferir ao longo do último mês de abril aqui mesmo em nosso espaço a partir da pauta "CARTAS E CONFISSÕES EM FORMA DE CANÇÕES NA VOZ DE CECILIA BERNARDES". Agora,Cecilia retorna ao nosso espaço para esta conversa exclusiva onde conta-nos detalhes sobre sua carreira a sua harmoniosa relação com o tempo , seu processo de criação, como conseguiu reunir tanta gente interessante em seu primeiro projeto fonográfico entre outros detalhes. Vale a pena a leitura! 
Em sua biografia consta que o seu envolvimento com a música vem ainda de sua infância. Essa relação se deu sob alguma influência familiar?
Cecilia Bernardes - Sim, meu pai amava MPB e sambas antigos, tinha muitos discos, e adorava os musicais da Metro. Ele cantava o tempo todo, com muita alegria, aquilo me encantava. E a Tereza, que trabalhou na nossa casa muitos anos, e morava conosco, ouvia – e ainda ouve – muito samba no rádio, um repertório finíssimo, e a gente cantava junto: Martinho da Vila, Beth Carvalho, Alcione, Originais do Samba, ... Não tinha músico na família, mas muita música o tempo todo.
Antes dessa imersão na música e poesia que resultaram em “Carta” você já procurava manter essa relação de proximidade com a música e com as letras ou essa condição foi aos poucos moldando-se na medida que você via que a coisa estava encaminhando-se para a concepção desse projeto?
CB - Não havia projeto, ainda, quando comecei a compor, nesta época, entre 2006 e 2007. Na verdade, eu me via como cantora, mas sem vontade de gravar. A partir do momento em que veio esta fase e comecei a escrever letras e musicar poemas, surgiu a vontade de fazer um disco, pela primeira vez, com algumas das composições.
De fato o pontapé inicial para o surgimento de “Carta” deu-se quando você musicou os poemas do parceiro e amigo Luciano Garcez ou você já percebia que o projeto já era algo irrevogável e essa parceria veio apenas para endossar o que já seria certo?
CB - A parceria foi vital para o nascimento do repertório autoral do disco. O Luciano me deu uma letra e disse, faz a música. Era Pop me. Eu fiz. Então ele disse: pronto, temos uma parceria. Agora vai lá, você é compositora, isso que você está fazendo é música, canção de verdade. E aí eu acreditei, e fui.
Uma das características mais evidentes no álbum é a pessoalidade existente. Dentre as onze canções existentes quase todas levam a sua assinatura solo ou em parceria. Como se deu a escolha do repertório? No caso das composições autorais como vem a ser o seu processo de elaboração?
CB - Na verdade, não sou uma compositora super produtiva, com gavetas lotadas de criações. Componho por levas, e acabei escolhendo na leva de 2006/2007, as mais fresquinhas da época. Só De novo nova era mais antiga. Carta – que é parceria com a Natalia – e Passarinhos foram terminadas depois do processo de gravação iniciado. Quando eu componho, quase sempre começo com uma letra, e depois vem a música. Uso um violão para me guiar na melodia/harmonia, ou às vezes nasce tudo só palavra e voz, e mais tarde vem o contexto harmônico, o cenário todo.
O álbum “Carta” possui uma ficha técnica riquíssima que conta com nomes como Vanessa Bumagny, Sérgio Bártolo, André Abujamra isso pra citar apenas alguns nomes. Como foi possível reunir tanta gente bacana neste projeto?
CB - Sorte minha que são, praticamente todos, amigos queridos, meus e/ou da Natalia Mallo. Nós duas nos sentávamos e pensávamos no que poderia ser a formação, os instrumentos para cada canção, e íamos pensando automaticamente nas pessoas, os músicos que poderíamos chamar. Como a gente não tinha pressa, foi sendo muito orgânico. Nos casos específicos do Abu e do Bártolo, que também produziram, eu chamei ainda antes de começar a parceria de produção com a Natalia, que conheci depois, e acabou se responsabilizando mais tarde também pela direção musical do projeto. 
Há uma composição do Chico Buarque onde ressalta a importância do tempo sobre a obra do artista a partir de frases como “Modelando o artista ao seu feitio” e “Vejo o tempo obrar a sua arte... tendo o mesmo artista como tela”. A partir deste contexto pode-se perceber que este seu primeiro foi maturado aos poucos, tanto que foram necessários cerca de 3 a 4 anos para o resultado final. Qual foi o empecilho para que este projeto não fosse concluído antes?
CB - Sim, acho que precisei deste tempo – ou o Tempo - do Chico – precisava de mim – , tanto para amadurecer bem o que precisava amadurecer, entender realmente o que eu estava fazendo, quanto para fazer da melhor forma possível, do jeito que a gente queria, deixando o tempo agir a favor, uma vez que eu não sentia pressa, de verdade. O disco é 100% independente, portanto, sem deadlines, e processo todo foi um aprendizado e tanto. Quando ficou pronto, era aquilo mesmo, o que era pra ser. 
Você vem colhendo os mais diversos elogios referentes a este seu trabalho de estreia. Há uma em especial a qual você credita o sucesso do álbum? Esse contexto não acabará corroborando para uma exigência maior ao se pensar no próximo álbum?
CB - Acho que as pessoas que gostam sentem que foi feito com cuidado. Talvez também porque tem uma delicadeza, e nosso dia-a-dia turbulento sinta um certo alívio quando se depara com a delicadeza. Dizem que o segundo álbum é sempre um desafio, sim. Bem, acho que o meu segundo vai ser bem diferente deste. Mas se a gente mantém a alma da coisa, a prerrogativa de fazer algo sincero e de qualidade, dando o nosso melhor, não importa tanto a comparação. E acho que, no meu caso, ainda não rolaria esta pressão.
Você já traz em mente alguma novidade para 2014?
CB - Ainda não! Este disco ainda tem muito o que rodar. Vem clipes novos por aí. O próximo projeto ainda está muito sem forma, é só uma semente, mas acredito que vai ser menos autoral, eu quero mostrar um pouco da música que me faz grata por ser cantora, de artistas e obras que eu amo e admiro.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

CHARGES: DIRETO DA "BESTA"



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FAUSTO – OLHO VIVO


ATRÁS DO JORNAL DA BESTA FUBANA 
SÓ NÂO VAI QUEM JÁ MORREU


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FERNANDES – DIÁRIO DO ABC



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MÁRIO ALBERTO – LANCE



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SAMUCA – DIÁRIO DE PERNAMBUCO



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ALEX PONCIANO – EXPRESSO POPULAR


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O CANTO DE VÓLIA

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ATEMPORAL

(Por Vólia Loureiro do Amaral Lima)

Era no tempo,
Em que não se contava o tempo.
Era tudo agora, eternidade,
Momento.

E o meu sonho se confundia no teu,
No tempo que não passava,
E a vida vagava,
Nas vagas dos beijos consentidos.

Era como se fosse para sempre primavera,
E tudo era quietude, quimera,
E a preguiça de uma tarde quente,
Amolentava o corpo indolente.

E tudo era tão puro...
Não havia dor, nem pecado.
Havia apenas o sorrir,
E o passar das nuvens
Num céu de brocado.

Porém, veio a procela,
E tingiu de dor,
Com as tintas sanguíneas
Da indiferença e maldade.

E do tempo que não era tempo,
Da doce alegria que nos embalou,
Ficou apenas o silêncio,
E um eco na alma, chamado saudade.

05/01/2015





Vólia Loureiro Do AmaralVÓLIA, POR ELA MESMO


Vólia Loureiro do Amaral Lima, paraibana, natural de Campina Grande, residindo atualmente em João Pessoa, engenheira civil, poetisa e romancista. Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). Participou dos concursos II Prêmio Licinho Campos de Poesias de Amor (2013), com menção honrosa e o II Concurso Sensações Facebook, (2º lugar). Define-se como poeta sem pretensão, que escreve apenas pelo prazer de trazer à vida o lirismo perdido. É também artista plástica.




O HOMEM BARSA

Adicionar legenda

O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, deu uma passada no bar do Carneiro. Queria saber como andava o amigo, sempre às voltas com suas catorze doenças e com o vício da mulher, que gastava o dinheiro miúdo da família numa máquina caça-níqueis escondida no fundo da espelunca. Ficou perplexo com o que viu e ouviu. 

Romualdo Bastos – o cruzadista –, alçado à categoria de intelectual da Vila Invernada, por conta de seus sólidos conhecimentos sobre os mais variados e inusitados temas, improvisava uma palestra sobre seu “método de trabalho”. O que mais impressionava nosso Lobo do Mar, no entanto, era a atenção que lhe dedicavam os presentes, uma gente avessa à leitura. Tacos de bilhar repousavam sobre o pano verde, ninguém ousava interromper o homem. O silêncio só era quebrado pela tosse renitente de Toninho Moleza. Os malditos cigarros lhe arruinaram os pulmões.

-- Meu método é simples: não acumulo dúvidas e me deixo – tal qual um pai de santo – ser tomado pela curiosidade. Se o desafio é responder qual o continente mais populoso do mundo – e a resposta eu já sei, claro! –, vou além: quero saber quais são os países que dele fazem parte, qual a população de cada um deles, quem os preside etc. Não paro por aí: vou pesquisar também como são formados os outros continentes. Anoto, decoro, passo semanas fazendo isso. Agora mesmo, estou memorizando os nomes de todos os países que compõem a ONU, os nomes de seus respectivos presidentes e capitais, a área geográfica e a população de cada um deles – gabava-se Romualdo Bastos.

Toninho Moleza acendeu mais um cigarro, tossiu a valer e disparou:

-- Doutor Romualdo: o senhor ainda vai entrar naquela academia e virar imortal! Para orgulho de Vila Invernada!

Palmas se confundiam com gritos de “bravo”. Alguém ameaçou puxar o refrão “Romualdo é coisa nossa”. O cruzadista sorvia aos golinhos o aperitivo, afetando falsa modéstia. Até que o Velho Marinheiro interveio:

-- Qual é a mesmo sua graça?

-- Romualdo. Romualdo Bastos. A seu dispor.

-- Eu também sou curioso, seu Romualdo: que serventia pode ter uma cultura inútil dessas?  

(outubro 2013)


NúBIA NONATO


www.prosementes.com.br

SEMENTE

Penso naquele que semeia
mas que na primeira
tempestade vacila diante
do vigor da natureza.
Do orvalho que cai a esmo
invejo a semente que
pouco pede, se entrega
por instinto enquanto
covarde, ignoro seu
esforço.




CLÓVIS CAMPÊLO


EFEMÉRIDES


Ninguém completa sessenta anos impunemente. Justo ou não, sempre se paga um preço pela vida longa, pela superação de determinadas marcas temporais.

Bernard Shaw, o escritor inglês que morreu aos 94 anos, dizia que na velhice sentia-se assediado pela solidão e pela saudade dos contemporâneos que já se tinham ido. Essa é uma verdade verdadeira e um dos preços a serem pagos por quem alcança a longevidade.

Por outro lado, dona Dita, a minha sogra, no alto dos seus 80 anos bem vividos, aceita com tranquilidade o passar dos anos e diz que só tem uma saída para quem não quer envelhecer: é morrer jovem.

Portanto, camaradas, pelo bem ou pelo mal só nos resta viver e tentar fazer dessa vivência um caminho de satisfação e felicidade.

Vou ao Google, o novo pai dos burros, e descubro que, para nós, brasileiros, o dia 2 de dezembro é o Dia do Samba. Maravilha. Sei que estou bem acompanhado. Descubro também, dentro da minha ignorância histórica, que no dia 2 de dezembro de 1825, na cidade do Rio de Janeiro, nasceu Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádia Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, sétimo filho de Dom Pedro I e da arquiduqesa Dona Leopoldina de Áustria, e que depois viria a ser coroado como Dom Pedro II, o último Imperador do Brasil.

Descubro ainda que, um pouco mais tarde, em 1889, nesse mesmo dia dia 2 de dezembro, nasceram a pintora brasileira Anita Mafaldi, a cantora lírica americana Maria Callas (1923), o ex-nadador brasileiro Gustavo Borges (1972) e a estrela pop americana Britney Spears (1981). Tudo gente boa, da melhor qualidade e sagitarianos, como eu.


CLÓVIS CAMPÊLO

Mas, também descubro o dia 2 de dezembro trouxe para alguns a marca da partida, da despedida desse mundo de Deus. Em 1552, faleceu São Francisco Xavier, missionário espanhol co-fundador da Companhia de Jesus, além de Pablo Escobar, narcotraficante colombiano, em 1993, e Luiz Lombardi Netto, em 2009, locutor nunca visto e que durante anos emprestou a sua voz ao programa Sílvio Santos.

Descubro ainda, nessa minha incursão dezembrina, que no dia 2 comemora-se o aniversário da cidade de Araçatuba, em São Paulo, onde hoje vive o meu amigo Everi Rudinei Carrara, poeta, músico e produtor cultural.

Descubro também que o dia 2 de dezembro é dedicado a Santa Bibiana, que viveu em Roma, no século IV, e foi morta à chibatadas por recusar-se a se prostituir.

Finalmente, descubro que na mitologia hindu, o dia 2 de dezembro é dedicado à Festa de Shiva, deus da dança, do movimento e da transformação.

Encerro afirmando que Sagitário é o nono signo astrológico do zodíaco, situado entre Escorpião e Capricórnio. É representado pela figura do arqueiro Quíron, que era um centauro. Sua flecha está constantemente apontada para o corpo do Escorpião, como uma vingança pela morte de Órion, o gigante caçador.

Recife, 02/12/2011