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NA CASA DO PAI
Na
casa da mãe e do pai, sempre foi tudo muito suado. O pai trabalhava dobrado; a
mãe economizava em dobro. Dava para o gasto. Comida nunca nos faltou. A mãe era
especialista em picadinho – em omelete também. O “vício” do pai era comprar
livros e mais livros, que as vistas cegadas já não lhes permitem ler. A mãe se
foi. Que lástima. O pai está por aqui, conversando (às vezes) com seus
fantasmas. Saudades daquele tempo.
PARKINSON
Chegou
a pensar que enlouqueceria antes de o dia amanhecer. Pensou, não: teve certeza.
O
pai o chamava ao quarto de hora em hora, no começo da madrugada. Depois, já no
meio da madrugada, o tempo entre uma chamada e outra encurtou para meia hora.
Não queria mais o cobertor, queria mudar de lado, queria ficar sentado, queria
tomar água, queria o cobertor de novo e mudar de lado também, queria tirar a
fralda, não estava na hora do café?
Entre uma chamada e outra, ele se digladiava
com seus fantasmas, chamava a polícia, chamava o ladrão, dizia palavrões que
nunca disse acordado. O dia chegou. E o pai, após tomar os comprimidos
matinais, perguntou ao filho:
--
Nesta noite, eu não dormi muito bem. E você?
(PS: Meu pai morreu em 04/05/2015)
(PS: Meu pai morreu em 04/05/2015)
Ele com certeza, meu caro Orlando, está descansando em paz!
ResponderExcluirJá cumpriu a missão dele e merece o repouso!
Abraço carinhoso!
Obrigado pelo carinho, Jorge. Tenho certeza de que está em paz. Foi um grande homem. Abraço.
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