quarta-feira, 20 de maio de 2015

CHÁ DAS CINCO: GERALDO CARNEIRO (2/3)

quem diria

ser cético era sonho de consumo
quando eu me consumia sendo jovem,
ser joyce, guimarães ou ser vinicius
no trânsito das musas musicais,
naquele tempo ainda não sabia
que a mim só me cabia ser eu mesmo.
hoje mudei, Ulisses de mim mesmo,
procuro minha ilha em Tordesilhas,
uma sereia que me faça bem,
me faça mal, me faça quase tudo.
eu que só tinha credo dos ateus
quero que a vida voe sempre assim
no piloto automático de Deus


lulacerda.ig.com.br


os fogos da fala


a fala aflora à flor da boca
às vezes como fogos de artifício
fulguração contra os terrores do silêncio
só espada espavento espelho
ou pedra ficção arremessada
ou canção pra cantar as graças
as virilhas as maravilhas da amada
a deusa idolatrada de amor:
essa outra voz quase jazz
que subjaz ventríloqua de si mesma


***

o solipsismo

só lida
com sua sólida
solidão




Geraldo Carneiro é autor de várias peças teatrais como "Lola Moreno", em parceria com Bráulio Pedroso, encenada em 1979 e em 1982, "Folias do coração" e "Apenas bons amigos", ambas em parceria com Miguel Falabella, encenadas em 1983, além de "Divina Increnca", "A bandeira dos cinco mil réis", encenadas em 1986, "Manu Çaruê", ópera performática com música de Wagner Tiso encenada em 1988, e "Imaginária", encenada em 1992.

Traduziu "A tempestade", de William Shakespeare, encenada em 1982 e em 1983 e publicada em 1991 pela Editora Relume-Dumará. Adaptou "As you like it" (William Shakespeare), encenada em 1985 e publicada, no ano seguinte, por Cadernos do Tablado, "Lúcia McCartney" (Rubem Fonseca), encenada em 1987, "Lulu" (Frank Wedekind), encenada em 1989, "As 1001 Noites", encenada em 1991, e, em parceria com Millôr Fernandes, "A Megera Domada" (William Shakespeare).

(FONTE: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)


Nenhum comentário:

Postar um comentário