sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

BRUNO NEGROMONTE

Carmem Di Novic - Entrevista Exclusiva
A virtuosa instrumentista volta ao nosso espaço para um bate-papo exclusivo onde aborda diversos temas referentes a sua biografia musical e carreira
Com profunda afinidade com o instrumento que escolheu para exercer o seu ofício, Carmem Di Novic desdobra-se não apenas como compositora, mas também como instrumentista, musicoterapeuta e intérprete. Apesar de ter nascido no Paraná foi no centro-oeste que vem desenvolvendo sua carreira exercendo os papéis de diretora e professora por longa data na academia a qual fundou e que leva seu nome nos estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, além de apresentar o “Programa Carmem Di Novic”, na Rádio Educadora de Colíder da região. Com zelo e maestria a musicista vem apresentando um trabalho que vem recebendo os mais distintos elogios tanto da crítica quanto do público. Dentre suas produções fonográficas, Di Novic conta com títulos como Recital de Violão”, (lançado em 2004), Caminhos de Amor” (1995) e Carmem Di Novic interpreta Urany Larangeira” . Recentemente a musicista lançou o álbum Recital de Violão - ll Carmem Di Novic”, como vocês puderam tomar conhecimento aqui mesmo no Musicaria Brasil a partir da pauta O VIOLÃO COM UM TOQUE FEMININO. Hoje, de modo bastante gentil, a artista volta para um bate-papo exclusivo onde aborda diferentes temas como suas reminiscências musicais, o seu  o meu amor e respeito ao violão, um novo projeto autoral que pretende lançar em breve, entre outros assuntos. Vale a pena conferir!
A música é algo que sempre esteve presente em sua vida? Qual a lembrança mais antiga do seu envolvimento com ela?
Carmem Di Novic - Sim, meu pai foi acordeonista e desde criança me incentivou a participar de coral  na igreja, escola e cantar  nas reuniões de família. Aos 9 anos de idade ingressei na minha primeira Escola de Música no Paraná e já me apresentava nas audições de final de ano e datas festivas.
E o violão? Quando foi que você de fato decidiu que ele a acompanharia?
CDiN - Tendo gravado em 1996 meu primeiro CD, com músicas populares de minha autoria, senti a necessidade de avançar nos estudos do instrumento e aprimorar minhas composições e técnica interpretativa. Mas foi em 2000, ao retornar do Intercâmbio de Grupos de Estudo que fiz em Wisconsin- Estados Unidos, que resolvi seguir carreira Superior de Violão Erudito, para expandir e divulgar aqui no Brasil um repertório violonístico conhecido e respeitado em vários países desenvolvidos.
Quais os nomes que espelhou-se para dar continuidade a esta ideia e que ainda hoje influencia o seu trabalho?
CDiN - Meu saudoso Mestre Professor Urany Larangeira, violonista e compositor, foi sem dúvida,  meu grande incentivador à arte do Violão, acompanhando toda minha trajetória musical, me  orientando até me conduzir ao Bacharelado e Pós-Graduação no Rio de Janeiro, onde então estudei com outros renomados professores e concertistas como Paulo Pedrassoli, Valmyr de Oliveira e respeitáveis musicoterapeutas como Dra. Lia Rejane Barcellos, Dra. Marly Chagas e Mt. Martha Negreiros.
Sua experiência no Rio de Janeiro a oportunizou entrar em contato com um nome imprescindível em sua carreira: Urany Larangeira, a quem você recentemente dedicou o álbum. Quais os critérios que a levaram a prestar essa grande homenagem ao seu ex-professor e como se deu a escolha do repertório? 
CDiN - O CD Carmem Di Novic interpreta Urany Larangeira” foi um projeto em parceria com a família Larangeira- representada pela viúva, Sra. Helena Ribeiro Larangeira, em 2010, alguns anos após seu falecimento. Fiz um estudo e levantamento de sua obra musical escrita em partituras para violão solo, que reúne lindos choros e valsas e outras peças clássicas, as quais eu já conhecia, havendo até mesmo tocado com o referido violonista, entre outras peças inéditas. Como ele sempre me dizia que eu seria a continuadora de sua obra, resolvi gravar e divulgar parte dessa maravilhosa obra violonística, homenageando esse exímio e admirável compositor brasileiro.
Como você chegou ao Mato Grosso? Foi fácil fixar-se “na terra” de outra grande instrumentista brasileira, que foi Helena Meirelles, conquistando o respeito e reconhecimento dos conterrâneos da saudosa artista?
CDiN - Vim ao Mato Grosso do Sul  ainda jovem, após concluir a Faculdade de Letras em Umuarama e Conservatório Musical,  juntamente com meus pais e implantei minha Academia de Música, trabalhando por longa data. As pessoas aqui são extremamente musicais e receptivas à arte. A Fundação de Cultura tem me contemplado com bons projetos culturais para intensificar e ampliar cada vez mais meu trabalho atual, ao qual me dedico, como Concertista e Produtora Fonográfica. Dei continuidade aos meus estudos no Rio de Janeiro para estudar Bacharelado em Música e Pós –Graduação em Musicoterapia, tendo concluído em 2010.
O universo do violão ainda é visto como predominantemente masculino, no entanto trabalhos como o seu acaba quebrando essa engessada visão sobre o instrumento, Em algum momento você sentiu em sua carreira algo referente a esta hegemonia?
CDiN - Acho que o meu amor e respeito a esse sublime instrumento, o Violão, superam qualquer preconceito ou barreira, conduzindo-me sempre a caminhos que tem me impulsionado a nunca desistir e seguir em frente com extrema dedicação à arte. E, muitas vezes, o fato de ser  uma mulher violonista tem facilitado a formação de um público variado, de diferentes classes sociais e faixas etárias, como jovens, crianças e adultos. Meu empenho e objetivo, é poder ajudar as pessoas a vivenciarem bons momentos de paz e harmonia que a música pode oferecer, seja participando de meus concertos ou ouvindo meus CDs.
No álbum “Recital de violão” você transita entre o erudito e o popular de modo muito harmonioso sem deixar-se rotular nem por um nem por outro. Como você consegue equilibrar-se nesta tênue linha?
CDiN - Como disse, meu desejo é de chegar ao coração das pessoas com minha música, que elas possam desfrutar do potencial terapêutico e restaurador que a música tem. Portanto, busco interpretações variadas, visando sempre o aprimoramento técnico e elevação espiritual, pra que eu possa exteriorizar meus sentimentos através dos sons, seja qual for o estilo musical apresentado.
O ex-presidente Lula sancionou a Lei 11.769 determinando a obrigatoriedade da música nas escolas de educação básica de todo o país. No entanto o que se vê seis anos depois ainda deixa muito a desejar A aprovação da Lei foi sem dúvida uma grande conquista para a área de educação musical no País. Você como discente acredita que estamos no caminho certo ou o caminho não é bem por aí e por isso estamos sem avanços significativos na área?
CDiN - Sem dúvida, é muito importante a educação musical nas Escolas, porém, deve ser bem elaborada e diversificada, para que seja atrativo e interessante. Tem que se investir em bons profissionais e haver mais recursos para produções artísticas nas Escolas, como corais, grupos, orquestras, etc. Não pode ser um  estudo “técnico” apenas, mas formar e preparar apreciadores musicais, que saibam produzir, ouvir e transferir para sua vida a “afinação”, harmonia e equilíbrio que a música proporciona.
No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul você criou academia de música que levam seu nome. Você poderia nos contar um pouco como surgiu a ideia de implantar tais projetos?
CDiN - Pensei em expandir o estudo da música e fomentar o interesse pela mesma. Vários alunos que passaram pela Academia de Música Carmem Di Novic, seguiram carreiras como duplas, bandas, solistas ou cantores religiosos. Em outros casos,  contribuiu para o o desenvolvimento pessoal de crianças e adolescentes. Sinto-me feliz por isso, mas atualmente dedico-me a  concertos e gravações musicais, tendo transferido a outros profissionais a continuidade a esse trabalho acadêmico por mim iniciado.
Já estamos chegando em 2015 e neste ano que está prestes a começar você completa duas décadas de carreira fonográfica. Há alguma comemoração em vista?
CDiN - Realizei esse mês em Campo Grande, um Concerto Musical apresentando as músicas dos últimos CDs gravados e estou preparando um novo CD autoral  intitulado: “Musicoterapia em  Canções por Carmem Di Novic”, que pretendo lançar. Obrigada!!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O CANTO DE VÓLIA



A ARTE E O ARTISTA
Por Florbela da Caatinga

A arte é o Universo; o artista é o pequeno mundo que por ela transita.

A arte é o mar imenso; o artista o pequeno peixe que em suas ondas se agita.

A arte é o caminho; o artista é o caminheiro.

A arte é o grito da alma, expressão mais pura do que há em nós. Forma mais bela da comunicação, seja ela em qualquer forma com que se exponha.

A arte do escrever, unir as letras em palavras, frases, períodos, tecendo por onde navega a poesia. Por onde os sonhos são expressados na sua mais pura magia.

São gritos que tocam o coração, nas suas fibras mais puras e sensíveis.

A arte de musicar, unir pequenas notas, que sozinhas não dizem nada, mas quando o artista as combina e tece com elas a música, unidas elas se tornam uma prece, um encantamento, e os sons perfumam o mundo de beleza.

A arte de pintar, retratar a vida pela ótica de cada um, quanta beleza em expressar as impressões do mundo, em cores, luz e sombra que se combinam, e fazem toda diferença. E a maneira de exprimir, cada artista é um universo único, e as formas que serão vistas e interpretadas por cada olhar, saíram das mãos de um único olhar, que ao parir a sua obra, entrega-a ao mundo de olhares e sentimentos diversos, aos outros universos.

A arte do esculpir, tirar da pedra, do barro, do ferro, do papel, do plástico, de tantos outros materiais, um mundo que ali se encontrava secreto e pelas mãos do artista aparece agora, a céu aberto. Formas concretas, abstratas, que saem do mármore, ou de uma simples lata, mas com eles o artista seu mundo íntimo retrata.

A arte do dançar, e, com os movimentos do corpo, toda emoção expressar... Em saltos magníficos, em divinos “pas de deux”, em ritmos brandos ou frenéticos, mas, com o corpo, poder dizer tudo o que vai dentro da alma. E o artista entrega-se ao movimento, como fosse a própria respiração, o próprio bater do coração e com a dança entrega à vida a sua alma com emoção.

A arte do representar, reviver histórias, viver outras, de mundos diversos, deixar que a imaginação fale dos sonhos, de alguém, fale de sentimentos. Representar é recriar a história, em outro tempo, em outro cenário. É poder sonhar o mesmo sonho, reviver a beleza de um momento.


A arte e o artista... Quem terá vindo primeiro? Quem é a criatura e o criador? Uma sem o outro não existe. Só o que se sabe é que o mundo seria terrivelmente chato, sem sabor, se não existissem o artista e sua arte.

Vólia Loureiro Do Amaral
Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica.. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 

NÚBIA NONATO



ESTAÇÕES

Sobreviveste às tempestades
subjugaste à desdita.
Sustentaste a prole.
Renovaste teu voto de fé
no momento da dor.
Abrigaste em teu coração
recortes de saudades.
Tens no cerne de tua
alma todas as estações
onde desabrochas filha,
amiga, mãe todos os
dias.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

GLÓRIA BRAGA HORTA

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osmais.com

ILHA

Eu descobri uma ilha
Livre de ódio e perigos
Onde não há inimigos
E suavemente o sol brilha.
Mora lá minha família
E meus amigos. Perfeito
Tamanho amor e respeito
Afastando a solidão.
TEM FORMA DE CORAÇÃO
ESTA ILHA NO MEU PEITO.


FALA, OTÁVIO

PAPAI NOEL DE SACO CHEIO


(Por Otávio Nunes) Prezado Papai Noel Maior, chefe de todos os papais noéis do mundo, morador perpétuo da distante e gélida Lapônia, desculpe-me por ocupar parte de seu tempo, cada vez mais exíguo, principalmente às portas do Natal. Quem escreve à sua magnânima pessoa é o seu subalterno, o Papai Noel do Brasil. A intenção dessa indignada e maldigitada missiva é pedir, com todo respeito, minha aposentadoria. Poderia continuar na ativa por mais anos, porém me desiludi da minha missão nesse país. E papai noel descrente não exerce direito sua função. É mais honesto parar de vez.

Aceito, se possível for, uma transferência, mas para um local melhor. Poderia ser, por exemplo, a um país próximo de onde o senhor mora, um desses da Escandinávia, onde terei mais tranquilidade, desfrutarei dos meus impostos e serei tratado como gente, como cidadão. Será possível, até, estacionar meu trenó na rua com a certeza de encontrá-lo novamente quando voltar.

Darei minhas razões para me afastar de tão nobre e altruísta função, para a qual o senhor me escolheu e sempre cumpri com esmero, apesar das contrariedades impostas por essa nação ingrata a seus filhos. Ou será o contrário? Não sei. Espero que meus motivos sejam acatados por sua extrema benevolência e tolerância.

De alguns anos para cá, tratam-me como imbecil. Cheguei ao ponto de achar que realmente sou um. Tudo que acontece nesse país derruba minha autoestima, Natal após Natal. Imagine o Senhor um pé de tomate em que alguém substitui o fruto mais viçoso por uma bola de bilhar. Pois é, sinto-me assim: derrubado, rente ao chão, como esse tomateiro.

Otávio Nunes é  jornalista

Quando ando pelas ruas das cidades brasileiras presencio cenas dantescas, como hordas de crianças que me pedem o que jamais poderei lhes dar. Tem ainda os gerentes de shopping center que me convidam para distribuir balinhas em frentes às lojas, pessoas que pedem para eu sorrir (oh, oh,oh!) só para tirar fotos ou rir de mim e, o pior de tudo, adultos que olham para mim e dizem ao filho: “Papai Noel não existe, moleque. Sou eu quem compra seus presentes, não este barbudo panaca aí vestido de vermelho”.

Voar com meu trenó também ficou complicado por causa do caótico tráfego aéreo brasileiro, sem contar os urubus, prédios enormes, erguidos em lugares inconvenientes, poluição do ar. Tudo isso atrapalha a mim e às minhas renas, que já estão neuróticas, sem sentido de localização e asmáticas. Como nesse país não há chaminés nas casas, e as que têm não precisam de meus presentes, sou obrigado a encontrar outras formas de entrar nas residências. Já quebrei telha, furei caixa-dágua, pisei em cocô de pombo e até fui confundido com ladrão.

Também já ocorreu o contrário. Fui assaltado diversas vezes. Foi difícil para eu provar ao ladrão que não tenho conta em banco. Ele olhou para meus presentes e pensou que eu era um próspero comerciante de loja de R$ 1,99. Meu Papai Noel Maior, é muita humilhação. Mas o larápio tinha razão. Meus brinquedos são todos made in China, mesmo. Porém, a maior degradação por que passo nas ruas é a pergunta malévola dos brasileiros: “Seu saco é de brinquedo?”

Até mesmo a capital do país, que sempre achei uma ilha de civilização no mar da barbárie, já não é mais a mesma. Se passo pelas quadras planas de Brasília, principalmente perto do Congresso Nacional, sou obrigado a proteger minha carteira. Certa feita fui até confundido com determinado senador e tive de correr para não ser linchado. Os manifestantes não acreditaram na minha versão. Acharam que minha roupa era disfarce para andar na multidão sem ser reconhecido.

No Rio de Janeiro, onde sempre gostei de circundar o Cristo Redentor com meu trenó, é quase impossível perambular em paz. Há alguns anos minha preocupação era ver crianças perdidas nas calçadas de Copacabana. Hoje, quem não tem destino são as balas.

Bem meu indulgente Papai Noel Maior, Rei da Lapônia e protetor dos desafortunados desse mundo, tudo que relatei ao senhor é a mais pura verdade, extraída das profundezas abissais de minha alma. Perdão pela frase chula: ESTOU DE SACO CHEIO!!





sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

BRUNO NEGROMONTE

O VIOLÃO COM UM TOQUE FEMININO
Violonista, musicoterapeuta, compositora e intérprete, Carmem Di Novic transita como poucos entre o erudito e o popular
O violão, instrumento tão marcante na música popular brasileira, tem uma história longa. Há quem diga que o mesmo tenha surgido a aproximadamente dois mil anos antes de Cristo. Segundo alguns arqueologistas, placas de barro encontradas na antiga Babilônia e que trazem figuras seminuas tocando instrumentos musicais comprovam isto, pois tais desenhos registrados são muito similares ao violão como hoje conhecemos e que teve a sua origem a partir da lira, instrumento de cordas usado pelos antigos Gregos e Egípcios. No Brasil, o primeiro instrumento de cordas que se tem notícias foi a viola de dez cordas ou cinco cordas duplas, muito popular entre os lusitanos. Precursora do violão, dizem que tal viola chegou aqui em nosso país por intermédio dos jesuítas portugueses que utilizavam o instrumento ao longo das celebrações de catequese e desde então o "pinho" vem contabilizando anos de história. Nas grandes cidades ganhou o nome de violão e vem com o decorrer do tempo acompanhando os mais distintos gêneros musicais existentes como, por exemplo, as modinhas, os chorinho entre outros. Já ao adentrar pelos rincões do país ganhou outras denominações tal qual o de viola caipira, sendo instrumento imprescindível na execução de alguns temas da região. Nessa longa jornada, vários foram os nomes que contribuíram para tornar o violão um instrumento referencial dentro da música popular brasileira, e dentre eles pode-se citar figuras como Américo Jacomino, Quincas Laranjeira, Villa Lobos (através do seus 12 Estudos para violão), Gismonti, Baden, Yamandu, Henrique Annes, João Pernambuco, Dino 7 Cordas, Zé Menezes, Canhoto, Raphael Rabello e tantos outros que corroboraram e continuam a contribuir de modo relevante para escrever a história do violão em nosso país, tornando-o uma das grandes marcas de nossa música ao redor do planeta.
Predominantemente masculino, pode-se afirmar sem sombra de dúvidas que o violão também ganhou adeptas. Entre as mulheres alguns nomes se destacam ao empunhar tal instrumento, dentre eles Badi Assad, Rosinha de Valença, Helena Meirelles, e o da artista que hoje trazemos ao Musicaria Brasil para o conhecimento do público leitor: Carmem Di Novic. Nascida no Paraná, Di Novic iniciou os seus estudos ainda criança em sua terra natal, ao longo dos anos foi desenvolvendo suas habilidades musicais a partir de muito estudo e dedicação. Bacharel em Violão e pós-graduada em Musicoterapia pelo Centro Universitário do Rio de Janeiro, Carmem hoje é uma das grandes referências do violão feminino existente em nosso país não apenas por atuar como instrumentista, mas também por exercer brilhantemente a função de compositora, intérprete e musicoterapeuta. Além disso, a artista já chegou a atuar como produtora e apresentadora do “Programa Carmem Di Novic”, na Rádio Educadora de Colíder, além de exercer os papéis de diretora e professora por longa data na academia a qual fundou e que leva seu nome nos estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Por coincidência, hoje Carmem atua na mesma terra da já citada Helena Meirelles, instrumentista que com zelo e maestria levou a música brasileira, através de sua viola, para todo o planeta e foi considerada pela revista Guitar Player como uma das 100 melhores instrumentistas do mundo. Dentre suas produções fonográficas, Di Novic conta com títulos como “Recital de Violão”, que lançado em 2004 traz a musicista interpretando grandes nomes da música clássica e “Caminhos de Amor” (1995), projeto que conta com algumas canções autorais como “Poliana” e “Meu Sertão” (canção que também faz parte da compilação “The Essential Mato Grosso” lançada em 2005 por conta das comemorações do “Ano do Brasil na França”.)
Sua discografia ainda conta com os refinados títulos “Carmem Di Novic interpreta Urany Larangeira”, onde a partir de treze faixas a artista presta mais que uma justa homenagem àquele que além de seu professor foi um exímio compositor e intérprete. Músico virtuoso, o itaperunense Urany Larangeira, deixou como legado composições dos mais diversos gêneros, dentre eles, choros e valsas, como os os que Carmem apresenta ao grande público. Lançado em 2011 sem muito alarde, o álbum ultrapassa a simples intenção de homenagem e chega como um dos grandes álbuns instrumentais dos últimos anos onde se é possível atestar tal afirmação a partir de interpretações diversas tais quais "Choro à Helena" (1976), a valsa "Carmem" e o choro "Pagão", composto em 1963, sendo esta a composição mais antiga presente no disco. Recentemente a musicista lançou o álbum “Recital de Violão - ll Carmem Di Novic”, disco que contou com o apoio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC/MS) e é composto por 27 faixas, entre composições da lavra da artista e interpretações de grandes nomes da música instrumental brasileira como Canhoto, Dilermano Reis, João Pernambuco,Zequinha de Abreu, Heitor Villa Lobos entre outros, atestando em definitivo o seu talento tanto como compositora assim também como intérprete.
Expressando sempre seu amor e dedicação à arte, Di Novic expressa um virtuosismo que inebria e envolve àqueles que tem a oportunidade de conhecer o seu trabalho e atuação. Intercambiana nos Estados Unidos, chegou a realizar naquele país inúmeras apresentações musicais em diversa cidades de Wisconsin-USA, mostrando-se uma virtuosa representante de nossa música instrumental e atestando em definitivo que o talento não tem fronteiras nem barreiras. Em um universo musical predominantemente masculino, o violão executado por Carmem quebra tal estigma destacando-se de modo sobrepujante entre os grandes instrumentistas nacionais da atualidade. Seja autora, cantora ou intérprete dos grandes mestres da música, Di Novic mostra um trabalho bastante condizente com aquilo a que se propõe desde o início de sua carreira: reunir, de modo coerente, autores populares e clássicos de diferentes épocas, estilos e nacionalidades, que marcaram a história do instrumento e nessa fusão não apenas deixar-se influenciar em suas composições, mas também dá o seu toque na obra dessas influências. Talvez essa condição possibilite-a expressar a história da música popular em dualidade com os notórios e grandes compositores de âmbito mundial de modo contagiante e envolvente, fazendo daqueles que tem a oportunidade de conhecer o seu trabalho fiéis admiradores de uma arte que por si só já faz-se bastante expressiva, e que nas mãos habilidosas de Carmem Di Novic ganha características ainda mais relevantes. Ela sabe o que faz e de modo arguto, alia a sensibilidade feminina à sua arte.
Fica aqui para os amigos leitores dois números da artista apresentados no espetáculo "Clássicos ao violão por Carmen Di Novic e convidados" realizado em Campo Grande-MS em 2014. A primeira trata-se da composição de Paulo Gallo, "Dança Paraguaia". Esta faixa conta com a participação do músico Arapiraca:
A segunda canção trata-se do clássico "Son de carrilhões", de autoria do João Pernambuco:

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

QUASE HISTÓRIAS

MEU AMIGO É...

Papai Noel – qualquer criança de hoje sabe disso – não existe, mas o “amigo oculto” existe, sim. Está presente nas firmas, nas famílias, nos bares e becos. É uma lástima. Muda o cenário, mas a desgraça é a mesma. De lá ou de cá, o “amigo oculto” não arreda pé. Ser um deles não é coisa pra qualquer um. Sem uma dose generosa de tolice ninguém chega lá.

A desgraça começa no sorteio, mas nele não termina. Noventa por cento odeia o “amigo” sorteado. “Ferrou”, diz o filho do meio, em casa, antes de pedir para que a mãe (ou o pai, ou um dos irmãos) assuma o mico: “Porra, tirar o Paulinho não dá, é pênalti!”.

Troca feita, quase tudo acertado, chega-se à segunda etapa: “O que comprar para baleia da tia Madalena, com dez reais”?  Nada que preste, evidentemente. “Mas ela também não merece nada que preste”, argumenta a mãe pacificadora. O pai não se faz de rogado: “Filho: tua tia é uma vaca. É capaz de lhe dar uma cueca usada. Não esquenta”.

Eis que chega o grande dia, hora de trocar presentes, de mostrar o imenso amor que une a família. A gorducha toma a palavra, em tom de suspense:

-- Meu amigo oculto é... Gorduchinho. Bonitinho. Amor de criatura.

As dicas são inservíveis. Ali, todo mundo é gordo. Beleza é coisa relativa. Amor de criatura não quer dizer nada. Mas o gordo mórbido acertou na mosca:

-- Sou eu.

Estava certo: era ele. E lá foi ele cumprir seu duro dever:

-- Meu amigo oculto é...(OS)


NÚBIA NONATO

www.kitesite.com.br

SUSPIRO

Prepare a rabiola
separe as tiras em
cores.
Amarre em uma linha
comprida pra no céu
sumir.
Estique o papel de
seda com cuidado
alinhe as palavras,
alise os versos , não te
esqueças das pausas,
das reticências que
alimentam as esperanças.
Pronto, só falta o vento
que deténs no peito.
Na falta de uma brisa
um suspiro teu já basta. (NN)



quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

QUASE HISTÓRIAS

A rena do Papai Noel / Pai Natal e trenó na Lapônia, Finlândia



PAIS SACANAS

Durante alguns poucos anos (até os sete, talvez) , ouvia da mãe e do pai que se fizesse (ou não fizesse, dependendo do caso) isso ou aquilo, Papai Noel não “viria”. Ou seja: o velhote barbudo e suas renas iriam me largar na mão, sem presente algum, em pleno Natal. Pura chantagem.

O jeito era tomar a benção da madrinha e do padrinho, evitar palavrões, suportar sem pio a injeção no traseiro. Não foram poucas vezes em que pai e mãe me incentivaram a escrever cartas para o “amigão” das crianças. Fazia meus pedidos e recebia algo completamente diferente do que desejava. Eu lhe pedia um triciclo e recebia uma peteca. Eu lhe rogava um autorama e lá vinha uma bola de plástico.

Pai e mãe vinham sempre com a mesma conversa mole: “Papai Noel está pobre, este ano”. Até aí, tudo bem. Estava acostumado com a vida dura. O que não conseguia entender era por que o vizinho sempre recebia presentes melhores que os meus. Que diabos! Este velho só pode estar de sacanagem comigo. Todo ano a mesma ladainha? Que seletividade é esta? Fui tomando uma ojeriza pelo velho que só eu sei. Só não rompi as relações porque, afinal, uma peteca é melhor que nada.

Certo dia, aflitos com meu inconformismo, mãe e pai abriram o jogo: “Papai Noel não existe, filho”. Recebi a “bomba” com alívio. Minha ira mudou de foco. Até hoje não consigo compreender as razões que levam pais a fazer o filho acreditar numa “mentira” e a sentir bronca da “mentira”, para depois dizer a ele que a “mentira” nunca existiu.


Vão puxar trenós. (OS)

XICO BIZERRA

CONTOS MINÚSCULOS
QUE CONTRARIAM OS DITOS POPULARES

Num só dia ter a ventura de encontrar um monte de gente boa é coisa para se agradecer aos céus. Dentre tantos outros presentes em evento do qual participei citarei dois encontros que têm a ver com a coluna de hoje. Dr. José Paulo, eminente jurista brasileiro e Dr. Marcos Mairton, Juiz Federal lotado em Fortaleza. Ambos colunistas/leitores do Jornal da Besta Fubana. O primeiro comentou que minha coluna sobre as músicas está cada vez menor (a justificativa para tanto está a seguir). O outro escreve micro contos que me inspira a também fazê-lo, um pouco por preguiça, outro pouco por achar que quanto menor o texto, maior será o número de leitores. Honrado em saber que tenho leitores da estatura jurídico-intelectual dos aqui citados, inauguro hoje a edição dos meus.

***

Cada macaco em seu galho. Fiel ao ditado popular o macaquinho morreu virgem por não pular pro galho próximo em que saracoteava a macaquinha traquina, louca por uma ‘traquinagem’.


Xico Bizerra é compositor, poeta, 
cronista e produtor musical
[




terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CHARGES: DIRETO DA "BESTA"

JORNAL DA BESTA FUBANA

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SPONHOLZ – JBF



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                                                             CHICO CARUSO – O GLOBO



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AMARILDO – A GAZETA (ES)



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                                                                            IOTTI – ZERO HORA (RS)





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NICOLIELO – JORNAL DE BAURU




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CAZO – COMÉRCIO DO JAHU (SP)



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                                                                  M. AURÉLIO – ZERO HORA (RS)



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                                                                      PATER – A TRIBUNA (ES)

O CANTO DE VÓLIA


CASO DE AMOR

Vou-lhes confessar um segredo...
E o faço com liberdade,
Arcando com a responsabilidade,
Declaro-me à sociedade,
Sem nenhuma culpa ou medo.

Vou-lhes contar meu segredo:
Eu tenho um caso de amor,
Faz tempo que isso acontece,
Essa situação permanece,
Eu declaro sem temor.

Esse caso é tão explícito,
Não há como disfarçar,
Com ela eu sonho acordada,
Por ela, eu sei, sou amada,
Ela é a culpada do brilho em meu olhar.

Penso nela o dia inteiro,
Ela me tem sempre que quer,
Arrebata-me a qualquer hora,
A ela eu me entrego inteira,
Sem pudor e sem demora.

Confesso que nunca tive
Um caso de amor assim,
Por ela eu enfrento tudo,
Entrego-me de coração desnudo,
Para essa paixão sem fim.

Espero que nunca acabe
Esse meu caso de amor,
Pois ela é a minha vida,
Meu sonhar, minha alegria.

E confessando seu nome
Declaro sem nenhum temor
O seu nome é poesia.
Esse é meu caso de amor.

29/10/2015


Vólia Loureiro Do Amaral