terça-feira, 1 de dezembro de 2015

QUASE HISTÓRIAS (CXII)

MIDAS BRASILEIRO


Nunca se teve notícia de homem tão feio e sortudo. Veio do nada, fez fortuna. Por mais que filhos, netos, bisnetos, noras, genros e amantes torrem o que ele deixou, há dinheiro para quase um século de irresponsabilidades.

Sempre foi uma espécie de Midas brasileiro.

Não se tem notícia de empreendimento seu que não tenha dado certo. Não por acaso, ficou conhecido, virou capa de revistas, “rei” disso e daquilo, presença infalível nas festas do mundo chique. Jamais perdeu oportunidades. A seu ver, tudo poderia ser bom negócio. E era. Para ele.

O segredo? “Azeitar” as máquinas – públicas e privadas. Jamais descuidou de contratar gente especialista na podre arte de corromper. Nunca se arrependeu dos investimentos feitos.

Pragmático, “doutor” Tenório se acostumou a engolir sapos, sapos enrolados em arame farpado. Só não tolerava a mentira. Tinha à sua disposição as mais belas putas do mercado. Gozador, dizia aos retratistas da imprensa de caras e bocas, em tom jocoso, que as “meninas” saiam com ele por amor.

“Doutor” Tenório só não admitia, ao menos na cama, a hipocrisia:

-- Querida: não grite, não simule prazer inexistente. Também não precisa me dizer a verdade. Afinal, o silêncio está embutido no preço.  


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