quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

QUASE HISTÓRIAS

A rena do Papai Noel / Pai Natal e trenó na Lapônia, Finlândia



PAIS SACANAS

Durante alguns poucos anos (até os sete, talvez) , ouvia da mãe e do pai que se fizesse (ou não fizesse, dependendo do caso) isso ou aquilo, Papai Noel não “viria”. Ou seja: o velhote barbudo e suas renas iriam me largar na mão, sem presente algum, em pleno Natal. Pura chantagem.

O jeito era tomar a benção da madrinha e do padrinho, evitar palavrões, suportar sem pio a injeção no traseiro. Não foram poucas vezes em que pai e mãe me incentivaram a escrever cartas para o “amigão” das crianças. Fazia meus pedidos e recebia algo completamente diferente do que desejava. Eu lhe pedia um triciclo e recebia uma peteca. Eu lhe rogava um autorama e lá vinha uma bola de plástico.

Pai e mãe vinham sempre com a mesma conversa mole: “Papai Noel está pobre, este ano”. Até aí, tudo bem. Estava acostumado com a vida dura. O que não conseguia entender era por que o vizinho sempre recebia presentes melhores que os meus. Que diabos! Este velho só pode estar de sacanagem comigo. Todo ano a mesma ladainha? Que seletividade é esta? Fui tomando uma ojeriza pelo velho que só eu sei. Só não rompi as relações porque, afinal, uma peteca é melhor que nada.

Certo dia, aflitos com meu inconformismo, mãe e pai abriram o jogo: “Papai Noel não existe, filho”. Recebi a “bomba” com alívio. Minha ira mudou de foco. Até hoje não consigo compreender as razões que levam pais a fazer o filho acreditar numa “mentira” e a sentir bronca da “mentira”, para depois dizer a ele que a “mentira” nunca existiu.


Vão puxar trenós. (OS)

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