terça-feira, 9 de janeiro de 2018

CRÔNICA/POLÍTICA: CARLOS HEITOR CONY

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Cony por Sponholz

A GRANDE FLÓRIDA

Fiz um esboço do que seria esse AI-2, cujo artigo
primeiro rezava: "A partir da publicação deste Ato,
os Estados Unidos do Brasil passam a denominar-se
Brasil dos Estados Unidos"

Por Carlos Heitor Cony
Folha de S. Paulo
24/06/2002

Pensava em escrever a crônica de hoje sobre a noite de São João, que antigamente era "a mais fria do ano". Hoje não mais. Além disso, a coluna de Clóvis Rossi no sábado foi magistral, como sempre: ele dá a solução que poderia ser "a solução final" de todos os problemas que nos afligem.

Malan seria candidato presidencial por uma coligação de todos os partidos nacionais, Fraga seria vitalício no Banco Central com direito de indicar o sucessor em testamento, como se o banco fosse coisa do grupo do qual faz parte.

Lembrei, modestamente, uma crônica que escrevi em 1965, no "Correio da Manhã", e que criou uma crise que me obrigou a pedir demissão ao Callado e ir embora. O jornal foi informado que se publicasse mais uma crônica minha, seria fechado, como de fato o foi, mas já em outro contexto.

Falava-se num tal Ato Institucional nº 2, que seria assinado naqueles dias, fechando todos os partidos e radicalizando o regime de exceção até que, em 1968, com o AI-5, a radicalização chegou ao ponto considerado ótimo pelos militares.

Fiz um esboço do que seria esse AI-2, cujo artigo primeiro rezava: "A partir da publicação deste Ato, os Estados Unidos do Brasil passam a denominar-se Brasil dos Estados Unidos".

Nos demais parágrafos, previa que o dólar seria a moeda oficial do país e que teríamos o direito de eleger um governador, pois seríamos mais um estado da federação norte-americana.

***

Carlos Heitor Cony, que morreu na última sexta-feira (05), aos 91 anos, foi um grande jornalista, escritor e intelectual. Morreu o homem, mas seu talento está registrado em suas publicações. Para quem ainda não leu o romance, recomendo a leitura a leitura de “Quase Memória”. (OS)   

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