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PAULINHO
Paulinho
não tinha ideia do que significava estorvo. Aliás, ele nem sabia que tal palavra
existia. Também pudera: Paulinho só tinha nove anos. Muito tempo depois, ele
descobriu a palavra e seu significado. Não teve dúvidas de que ele se sentira
assim – estorvo – ao longo da vida. Não conheceu os pais de sangue; o pai
adotivo se mandou quando ele tinha nove anos. A mãe adotiva lamentava o fato de
não poder levar a vida por conta dele, Paulinho. Avós não lhe dedicavam atenção
igual a que davam aos outros netos. Tios o ignoravam. Paulinho cresceu, criou
asas e encarou o mundo. Jurou para si mesmo que jamais seria estorvo para
alguém.
EXCELÊNCIAS
Sua
Excelência resolve interromper o líder do governo, que enaltecia o chefe do
Executivo:
--
Vossa Excelência me daria um aparte? Serei breve.
--
Concedo-lhe o aparte com todo prazer. Tem Vossa Excelência a palavra.
--
Excelência: quando é que nós – do "baixo clero" – vamos receber nossa “parte”? Nós também comemos.Obrigado pelo aparte, Excelência.
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