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CALCINHA AMARELA
-- Eu sei, sei muito bem, meu bem. Há tempos não lhe importuno. Não
bolino com minha boneca. Estou em falta. Não nego.
-- Não bolina. Nem vai bolinar, Alfredo. Vou dormir. O boldo está na
pia. Faça o chá.
-- Favorzinho miúdo, favorzinho só. Não quero chá. Quero que você
coloque a divina calcinha amarela. Aquela! Pouco me importa se está apertada!
Sua celulite é meu bem querer.
-- Só uso a dita na virada do ano. Pra trazer grana. É simpatia.
-- Eis o ponto: grana. Perdi o pouco que ganho no bicho. É urgente.
Não dá para esperar a virada do ano. Preciso desenhar?
PAROLA
Palavras servem para muita coisa.
Às vezes, porém, não têm serventia alguma.
Há palavras que revelam, há palavras que ocultam.
Há palavras que alegram, há palavras que deprimem.
Há palavras que destroem...
A lista é longa.
E pode ser acrescida de acordo com o gosto do freguês.
Haja paciência.
Fico, então, com o que me parece essencial:
-- As piores palavras são as que nada dizem. Ou seja: as que não me
tocam.
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