quarta-feira, 8 de julho de 2015

COISAS DA VIDA

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O DESEJO

Certa vez, Antônio Padilha, antigo prefeito de uma cidade do interior do Rio Grande do Norte, recebeu, em seu gabinete, a visita de uma moça, trazendo na mão um bilhete. Ao entrar na sala, ela foi logo dizendo que o bilhete era do seu irmão, sargento Ranulfo, e que iria aguardar a resposta.

No bilhete, o homem pedia ao prefeito que lhe conseguisse um calango, para que sua esposa, grávida, saciasse um desejo. Desde o dia anterior, a mulher desejava comer um guisado de calango.

A sogra do sargento, depois de muita insistência da filha, prometera preparar o estranho prato, apesar de nunca ter visto guisado de calango. Afinal, com desejo de mulher buchuda, não se brinca! Estava tudo combinado para satisfazer à gestante, mas faltava o principal, que era o calango. O marido temia que ela perdesse a criança, caso seu desejo não fosse atendido.

O prefeito achou o pedido muito estranho, mas como partia de uma mulher buchuda, tudo era de se esperar. Prometeu à “estafeta”, que iria fazer o possível pra atender ao pedido do seu fiel eleitor.

Em seguida, mandou um empregado da prefeitura à fazenda de um correligionário, pra ver se o amigo lhe conseguia um calango. Isso lhe aumentaria o prestígio, e seria mais um feito que contaria nos seus discursos, na próxima campanha política, quando fosse tentar a reeleição.

Horas depois, o empregado retornou, trazendo um calango morto, já seco, dentro de uma caixa. A moça continuava aguardando, mas quando viu a situação do calango, recusou-se a recebê-lo, e disse para o prefeito:

- Meu irmão pediu um calango vivo! A sogra dele é quem vai matar e preparar o guisado. Sabe Deus, desde quando este calango aí está morto!!! Isso é coisa séria, prefeito! É desejo de mulher buchuda!!!

Violante Pimentel
Violante Pimentel é procuradora aposentada
  do Estado do Rio Grande do Norte
E o prefeito, tentando conter o riso, respondeu:

- Não tem problema. Vou providenciar um calango vivo, vindo diretamente do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Mas, daqui que chegue, o menino já nasceu…

A moça, contrariada, bateu a porta do gabinete do prefeito e saiu gritando:

- Prefeito sem futuro! Não serve nem pra arranjar um calango, pra matar o desejo de uma mulher buchuda!

Por causa desse calango, o prefeito perdeu vários eleitores…




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