CENA
1
Sem
tirar os olhos do computador, a colega perguntou ao colega ao lado, que também
estava com os olhos grudados no monitor:
–
É impretero ou impreiteiro?
–
Impreiteiro, com i depois do primeiro e.
–
Droga! Vou ter que corrigir esse documento. Escreveram empreiteiro. Que saco! Fazem
a coisa errada e depois a gente tem de corrigir. Custa perguntar, se não sabe?
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José Ferrão |
CENA 2
O
chefe ignorante chegou, como chegava todos os dias – com pompas e
circunstâncias e a falta de educação desde sempre cultivada. Foi logo informado
do entrevero da véspera. Disparou um e-mail para o gerente:
–
O que ouve?
Puta
velha, o gerente tripudiou da ignorância arrogante:
–
Não ouço nada.
CENA 3
E
a disputa acirrada, quase irracional, do bilhar extrapolou: atropelou a
gramática, ferrou a regência, jogou o pai dos burros no lixo.
–
Animal, analfabeto: não se fala “nóis fumo”; o certo é “nóis fomo”. Tô errado,
doutor? –
quis saber o mais ignorante e grandalhão deles, do intelectual da redondeza,
único que fazia todos os dias palavras cruzadas na Vila Invernada. Quase sábio.
–
Os dois estão certos. A língua é um ente dinâmico, se me entendem. Os dois
estão certos.
O cruzadista mais não disse. E pegou o caminho da roça. Homem prudente. (2013)
É isso, amigo.
ResponderExcluirPrazer tê-lo por aqui, Pernambuco. Abração.
ResponderExcluirÉ a realidade...Quem sabe português, aprendeu no curso primário e no ginasial de antigamente...Quem não aprendeu, não aprende mais não!!!
ResponderExcluirVerdade, Violante, verdade. Abraço.
ExcluirVerdade, Violante, verdade. Abraço.
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