IMAGEM: ARQUIVO GOOGLE |
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É verdade, Velho Marinheiro, viver é sofrer.
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Eu não disse isso. Isso é bobagem de sua cabeça depressiva. Todo final de
história é triste, porque a gente não pode mais fazer o que gostaria de fazer.
O que não significa que a gente deva se lamentar, viver choramingando pelos
cantos, feito carpideira sem remuneração. Temos que aproveitar cada minuto e da
melhor forma possível.
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Como assim?
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É simples. Veja quem vem descendo a rua: Deolinda. Quem me dera ter 30 anos a
menos, quem me dera ter dinheiro para embarcar a passeio em navio de luxo e
cruzar os mares com o único e verdadeiro símbolo sexual de Vila Invernada. Quem
me dera, Ananias.
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E isso não o entristece?
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Não me deixa contente, é verdade. Mas, ao menos, ainda tenho vistas para
apreciar a paisagem. Poderia ser pior, sempre pode. O jeito é fazer com prazer
o que dá para ser feito.
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Dos males, o menor. Mas...
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Agora, chega. Você me obriga a falar coisas que não estou disposto a falar.
Vamos mudar de prosa, tomar um trago, entornar uma gelada e traçar uns torresminhos.
Essa minha dentadura nova machucou no começo, mas agora ficou maravilha. Posso
comer de tudo. E vou comer e beber enquanto puder, com alegria. Quando não der
mais, paciência, eu tomo sopa.
(Orlando Silveira - atualizado em agosto de 2017)
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