VIDA MANSA |
DEPOIS DA VITÓRIA,
VIRÁ A FATURA
Custa caro ao País manter um governo sem legitimidade
e sem autoridade moral. É justamente nessa hora que os ratos
do parlamento fazem a festa
Por Leonardo Attuch
Isto É On- Line
04/08/2017 – 18h
A vitória de Michel Temer no
último 2 de agosto, numa sessão infame da Câmara dos Deputados, ainda não foi
totalmente paga por você. Segundo um levantamento do jornal Valor Econômico, os 263 votos custaram
nada menos que R$ 13,4 bilhões,
entre emendas parlamentares e favores aos setores que dominam o Congresso, como
o ruralista. Ou seja: R$ 51 milhões
por deputado.
Esse buraco no orçamento federal
é mais do que Temer conseguirá arrecadar com o aumento dos combustíveis – o
maior dos últimos 13 anos. Se vier a ser definitivamente liberado pela Justiça,
o tarifaço da gasolina trará uma arrecadação da ordem de R$ 10 bilhões, o que demonstra como custa caro ao País manter um
governo sem legitimidade e sem autoridade moral. É justamente nessa hora que os
ratos do parlamento fazem a festa.
A vitória de Temer custou mais do
que o recente aumento de impostos e também quebrou uma promessa da equipe
econômica. Para quem não se lembra, Henrique Meirelles dizia que, com o teto de
gastos, que congelou despesas públicas por vinte anos, não seria necessário
elevar tributos. Era mentira. Os gastos estão congelados, as universidades
estão parando, o Exército não tem recursos para despesas básicas e, mesmo
assim, veio a paulada dos combustíveis.
Os próximos capítulos desse filme
de terror terão como cenário a economia. Mesmo autorizado a produzir um rombo
de R$ 139 bilhões, Meirelles não deu
conta da tarefa. Seu “ajuste fiscal”, que na verdade nunca existiu, vem
produzindo rombos mensais de R$ 20
bilhões e o déficit acumulado em 12 meses já bateu em R$ 160 bilhões. É elementar: uma economia em depressão e zero de
investimentos deprime as receitas públicas.
Meirelles está agora diante de
duas escolhas: rever a meta, e se desmoralizar, ou promover novos aumentos de
impostos. Ou seja: a conta para o contribuinte pode se tornar ainda maior. E
nada indica que o apetite dos aliados de Temer será saciado. Na prática, o
Brasil passou a ser governado pelo chamado “centrão” da Câmara dos Deputados,
onde a única ideologia é o patrimonialismo – ocupar a máquina pública e se
lambuzar até o limite.
É trágico e ainda pode piorar.
Antes de deixar a Procuradoria-Geral da República, em setembro, Rodrigo Janot
gastará seu estoque de bambu para apresentar mais uma ou duas denúncias contra
Temer. Os deputados dobrarão a fatura e você será convidado mais uma vez a
pagar o banquete.
De um lado, Temer terá que rever
a meta fiscal e talvez aumentar impostos. De outro, os aliados cobrarão pelo
apoio.
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