MAIA: TÔ FORA DESSA |
MAIA VAI DESCOLAR DE
TEMER
A um político se pode pedir tudo,
menos que se suicide
Por Ricardo Noblat
Blog do Noblat
09/08/2017 - 02h35
Se o presidente Michel Temer e
sua turma duvidavam da lealdade de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
dos Deputados, e jogaram para que o país duvidasse também, deram-se mal.
Maia provou na votação do pedido
de licença para que Temer fosse processado por corrupção que era leal, sim, e
que é capaz de continuar sendo. Parte da vitória de Temer deve-se a Maia.
O presidente da Câmara convenceu
colegas a votaram “não” contra o pedido, convenceu outros a se ausentarem para
que não votassem “sim” e convenceu partidos da oposição a darem quórum.
Bastava que os deputados de
oposição faltassem à sessão da Câmara para que o quórum de 342 votos não fosse
alcançado. E assim a votação ficaria para outra oportunidade.
Somente 263 deputados haviam
garantido sua presença e seus votos favoráveis a Temer. Ele continuaria
pendurado na incerteza e sangrando não se sabe até quando.
Maia não precisa, pois, provar
mais nada. E como a um político se pode pedir tudo, menos que se suicide, daqui
para frente Maia pretende ser mais presidente da Câmara do que aliado de Temer.
Disso deu mais uma prova, ontem,
quando foi o primeiro nome político de peso a se opor à ideia sugerida por
Temer de criar mais uma alíquota do Imposto de Renda.
Advertiu logo cedo, mal Temer
falou do assunto: “Pela Câmara, isso não passará”. Um coro de deputados e de
empresários ecoou o que Maia disse. Antes do fim da tarde, Temer deu o dito
pelo não dito.
Em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo, Temer adiantou
que a reforma da Previdência poderá ser desidratada, limitando-se a mudar a
idade para aposentadoria.
Maia foi contra. Reafirmou sua
oposição a favor de uma reforma mais ambiciosa. E prometeu se esforçar por sua
aprovação na Câmara. Já trabalha nesse sentido.
Que Temer não espere de Maia o
mesmo comportamento que ele teve na votação do primeiro pedido de licença para
processá-lo. No segundo pedido que está por vir será diferente.
A depender do conteúdo do pedido,
Maia escolherá o caminho da rigorosa neutralidade. Tem um futuro a preservar.
Um governo do Rio de Janeiro à vista. Ou até mesmo a vaga de Temer.
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