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RISOS E VAIAS
Por Carlos
Heitor Cony
Pensata – UOL
04/10/2005
Uma das curiosidades dos textos que leio, na mídia
impressa, é a rubrica que se tornou generalizada, não sei se ensinada nas
faculdades de comunicação, ou adotada pela necessidade de chamar atenção para
um detalhe considerado irônico ou engraçado.
O entrevistado ou declarante está divagando sobre um
tema qualquer, com a seriedade que se espera de alguém que mereça ser
entrevistado ou declarante. Lá pelas tantas, diz ou lembra alguma coisa, algum
episódio que ele próprio considera irônico ou engraçado. E ri.
Ao fazer o texto, o entrevistador coloca entre
parêntesis: "riso". Ou "risos", no plural quando, além do
entrevistado, o entrevistador também ri. Dou um exemplo banal: "Todo mundo
morre, eu sei que morrerei um dia (risos). Mas confio em Deus que este dia esteja
bem longe (risos)."
O recurso da rubrica é natural e até necessário para
os textos de teatro, embora os diretores não obedeçam às marcações dos autores,
por conta da criatividade pessoal. Há sempre a indicação para os personagens
idosos: tosse, pigarro, sobretudo tosse. Todos os velhos tossem em cena e,
eventualmente, na vida real. Também nos parlamentos há a indicação dos aplausos
e, no final do discurso, a informação suplementar: "Palmas. O orador é
vivamente cumprimentado".
Paro por aqui. Fico a merecer uma rubrica para o que
acabei de escrever: "O cronista é intensamente vaiado" (risos).
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