ilustração: isotock |
É NOTÁVEL O
ESFORÇO
PARA PASSAR O
BRASIL A SUJO
A maior operação anticorrupção da história
ganhou ares de ópera-bufa.
E caminha perigosamente para um desfecho de
tragédia. Os capítulos
mais agudos da ópera são a união dos gatunos e
as cabeçadas entre
autoridades que deveriam combater o crime
Por Josias de Souza
UOL – 08/08/2017 | 02h00
Desde o
início da Lava Jato, há pouco mais de três anos, a conjuntura nunca foi tão
alvissareira para os larápios como agora. A maior operação anticorrupção da
história ganhou ares de ópera-bufa. E caminha perigosamente para um desfecho de
tragédia. Os capítulos mais agudos da ópera são a união dos gatunos e as
cabeçadas entre autoridades que deveriam combater o crime.
Dias
atrás, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, resumiu a
cena. ''A Operação Abafa é uma realidade visível e ostensiva no Brasil de
hoje'', ele disse. Barroso dividiu os corruptos em duas bandas. Numa, estão os
que fogem da punição. Noutra, os que acham que é possível continuar roubando.
Unidos,
investigados ajudaram a blindar Michel Temer na Câmara. Na outra ponta, a
Polícia Federal desqualifica delações. É briga por poder, responde a
Procuradoria. Gilmar Mendes, do Supremo, diz que Rodrigo Janot é o
procurador-geral mais desqualificado da história. Colegas de Gilmar torcem o
nariz para sua proximidade com investigados como Temer e Aécio Neves.
É
compreensível o otimismo da bandidagem. O esforço para aplicar um nariz de
palhaço no brasileiro e passar o Brasil a sujo é notável.
***
FAZENDA
ESTUDA NOVA
FAIXA PARA O
IR: 35%
Alguma
coisa subiu à cabeça da banda malvada da equipe de Henrique Meirelles. Diante
do risco de revisão da meta fiscal de 2017, essa ala do Ministério da Fazenda
manuseia propostas para elevar a arrecadação do Tesouro. Uma das ideias é criar
nova alíquota de Imposto de Renda para os brasileiros abonados. Hoje, a tarifa
mais alta cobrada das pessoas físicas é de 27,5%.
A nova faixa iria a 35%. Aprovada
neste ano, reforçaria os cofres de 2018.
Michel
Temer deveria pedir a Meirelles para segurar a ala carrasca da Fazenda. Se a
proposta chegar ao Congresso, a popularidade do presidente da República, hoje
na casa dos 5%, rente ao chão, desceria ao subsolo. Melhor evitar. Numa hora
dessas, não convém cutucar a plateia com o pé para saber se ela ainda morde. (JS)
Nenhum comentário:
Postar um comentário