ILUSTRAÇÃO: RENATO STEGUN |
Todo pai é chato. Se não for chato, não é
pai.
Pai é aquela água. Quer que os filhos
estudem, sejam respeitadores...
Sou do tempo em que a gente beijava a mão de
tios, tias e de todo mundo com alguma idade. Devo ter beijado a mão de quem não
precisava beijar. Coisa de pai, coisa de mãe. Nem o lampião de gás (que não
conheci) me traz tanta saudade como a que sinto deles: de minha mãe, de meu
pai.
Todo pai é chato. Se não for chato, não é
pai.
Meu pai não fugiu à regra: foi chato, muito chato, sonhou demais para minha irmã e eu, demos o que deu para ser. Mas
dele sinto, todas as horas, todos os dias, falta danada.
E você aí, basbaque, está esperando o quê? Teu
velho morrer, para lhe dizer “eu te amo”, “obrigado”, “você é o cara”?
Defuntos, por defuntos, dispensam arrependimentos, choros,
velas e flores.
Defuntos são sábios.
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