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PT, ODEBRECHT E FORO DE SÃO PAULO
Parece muito evidente, tanto nas delações da Odebrecht quanto nas da OAS, a convergência de interesses empresariais com interesses políticos. Estes últimos envolvem países sob governos do FSP ou campanhas eleitorais de interesse daquele coletivo partidário internacional
Por Percival Puggina
01/08/2017
Não se
trata de especulação nem de "teoria da conspiração", como afirmavam
alguns sempre que mencionada a perigosa importância política do Foro de São
Paulo (FSP). É a Odebrecht, em acordos judiciais firmados com os governos do
EUA, Brasil e Suíça que confessa haver pago propina para garantir mais de uma
centena de contratos em 12 países. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o
valor dos pagamentos admitidos pela empresa (US$ 788 milhões entre 2001 e 2016)
configura "o maior caso de suborno internacional da história". Os
pixulecos foram creditados a funcionários de governos, a representantes desses
funcionários e a partidos políticos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia,
República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e
Venezuela.
Vejamos,
agora, que países são esses porque a lista fala por si mesma. Há nela dois
africanos, estranhos, portanto, ao FSP. Contudo, seus governantes sempre
estiveram na lista preferencial da diplomacia petista. Não por acaso, Angola é
presidida desde 1979 pelo ditador multibilionário José Eduardo Santos, amigo de
Lula; as delações de Mônica Moura e João Santana incluem o PT, a Odebrecht e
entregam o serviço sobre a origem de recursos para a eleição angolana de 2014.
Moçambique, por seu turno, desde a independência em 1975, vive sob a ditadura
partidária da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). Lula também andou
por lá com a Odebrecht, como se verá mais adiante.
Os demais
países são iberoamericanos. Durante o período coberto pelas confissões de culpa
da Odebrecht, estiveram sob governos de partidos integrantes do FSP o Brasil,
Argentina, Equador, Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela.
Aparentemente, os esquemas de corrupção envolvendo aquela empresa no México e
na Guatemala foram meramente comerciais, sem relação com interesses políticos
de partidos ligados ao FSP.
O site do
Instituto Lula disponibiliza um relatório sobre as palestras realizadas pelo
ex-presidente. Ali se vê que, em maio de 2011, ele falou para convidados na
Cidade do Panamá, contratado pela Telos Empreendimentos Culturais que, por sua
vez, segundo constatado pela Polícia Federal, era contratada pela Odebrecht. Em
junho de 2011, falou em Caracas e em Angola, contratado pela Odebrecht. Em
agosto de 2011, pago pela OAS, falou em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Em
novembro de 2012 em Moçambique, levado pela Camargo Correa. Em novembro de 2013
foi à República Dominicana, pago pela Odebrecht. Em junho de 2013, foi ao Peru,
contratado pela Odebrecht e, dois dias mais tarde, ao Equador, desta feita,
patrocinado pela OAS. Em fevereiro de 2014 palestrou no Uruguai do companheiro
Mujica, contratado pela OAS. Ainda em fevereiro de 2014 foi a Cuba, a serviço
da Odebrecht. Em maio de 2014 voltou a Angola, para a Odebrecht.
Parece
muito evidente, tanto nas delações da Odebrecht quanto nas da OAS, a
convergência de interesses empresariais com interesses políticos. Estes últimos
envolvem países sob governos do FSP ou campanhas eleitorais de interesse
daquele coletivo partidário internacional.
Você
lembra, leitor, da "Pátria Grande"? Pois é desse mega projeto
político internacional que estamos falando. Abastecido com financiamentos
brasileiros do BNDES, ele teve sua tesouraria esvaziada pelo impeachment e
pelas investigações da Lava Jato.
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* Percival Puggina (72), membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões;
A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
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