terça-feira, 19 de setembro de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: BERNARDO MELLO FRANCO

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SPONHOLZ

SOB AS BARBAS DO PT

O primeiro fruto da aliança PT-PMDB foi a nomeação
de Geddel Vieira Lima, hoje na Papuda, como ministro
da Integração Nacional. Ele impôs um pedágio
de 3% nas obras da pasta, segundo as investigações

Por Bernardo Mello Franco
Folha de S. Paulo – UOL
17/09/2017


BRASÍLIA - A segunda denúncia contra Michel Temer não deveria despertar tanto entusiasmo no PT. A acusação fragiliza o presidente, mas deixa claro que o "quadrilhão" do PMDB da Câmara deve parte de seus lucros aos governos Lula e Dilma.

O procurador Rodrigo Janot fez um breve histórico da aliança. Ela começa em 2006, quando o petismo teve que recompor sua base no Congresso depois da crise do mensalão.

O PMDB do Senado, comandado por Renan e Sarney, já era lulista desde criancinha. Faltava a ala da Câmara, que esperou o presidente se reeleger para negociar a adesão.

Os jornais da época registraram a euforia de Temer e seus amigos denunciados pela Lava Jato. "União assim, só para apoiar o Tancredo contra a ditadura militar", celebrou o então deputado Henrique Eduardo Alves, hoje preso em Natal.

O primeiro fruto da aliança foi a nomeação de Geddel Vieira Lima, hoje na Papuda, como ministro da Integração Nacional. Ele impôs um pedágio de 3% nas obras da pasta, segundo as investigações. Parte do propinoduto ficou documentada no sistema Drousys, da Odebrecht.

No segundo governo Lula, o "quadrilhão" ainda ocuparia a diretoria internacional da Petrobras, a presidência de Furnas e a vice-presidência de Loterias da Caixa, na qual se revezaram Moreira Franco e Geddel.

Com Dilma, Temer virou vice-presidente e passou a indicar os ministros da Agricultura e da Aviação Civil. A denúncia descreve a atuação de Moreira na concessão de aeroportos como "um verdadeiro escambo com a coisa pública".

Só a Odebrecht teria repassado ao menos R$ 11 milhões em propinas. As planilhas da empresa registram a entrega de dinheiro nos escritórios de Eliseu Padilha e José Yunes.

Na sexta-feira, o PT afirmou que Temer chefia um governo "corrupto e ilegítimo, que deve ser afastado o quanto antes". Tudo bem, mas faltou explicar por que a turma faturou tanto sob as barbas do partido.

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