sexta-feira, 24 de junho de 2016

AS "NAMORADAS" DO VELHO MARINHEIRO

EDRA


O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, deu um pontapé na compostura e um chega pra lá no silêncio quase forçado que a família, antes do retorno triunfal de Mafalda ao lar, lhe impusera.  E pediu à neta:

-- Faça um favor a seu avô, Irene: mande este negócio que escrevi pra Deolinda pelo computador, pelo tal de e-mail, que vocês tanto usam. Com essas coisas não sei mexer, não. Nem quero aprender. O endereço está aí, anotado por ela, de próprio punho. Sinal de que espera alguma coisa de mim. Ou não?  

A neta ficou abismada com o que leu:

“Deolinda, Deolinda, coisa linda demais, faço minhas as poucas – mas sempre sábias – palavras de Mário Quintana: ‘Eu queria trazer-te uns versos lindos.../Trago-te estas mãos vazias/Que vão tomando a forma das tuas nádegas’”.

-- Não bastasse sua canalhice, o senhor errou feio: Quintana não falou em nádegas. Ele falou em seios – esbravejou a neta.

-- Eu sei, eu sei. Conheço o poema. Quem não sabe de nada é você. Perto das nádegas, os seios de Deolinda são pinto. O poema original já foi enviado para Guiomar, mulher de bunda miúda e seios fartos, quase uma vaca profana, como a cantada por aquele baiano, o  tal de Caetano. Um amigo me fez o favor de lhe enviar o bilhete. Estou semeando. Uma delas cai na rede desse velho solitário. (atualizada em junho/2016)

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