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UM CONGRESSO ACUADO, UM
GOVERNO FRÁGIL
E UMA JUSTIÇA QUE EXTRAPOLA
SEUS PODERES
BLOG DO NOBLAT -08/06/2016 -
04h35
(Por Ricardo Noblat) Tudo
o que um ministro da Fazenda disser poderá ser usado contra ele e seus
objetivos.
Logo,
compreensível que Henrique Meirelles tenha dito que a situação econômica do
Brasil não será afetada pela crise política, deste ontem, agravada com os
pedidos de prisão de quatro cabeças coroadas do PMDB – Sarney, Renan Calheiros,
Romero Jucá e Eduardo Cunha.
—
A crise econômica foi gerada pela questão fiscal e será resolvida pela questão
fiscal – decretou Meirelles.
De
fato, foi por gastar muito mais do que podia que o governo Dilma provocou a
crise responsável pelo estúpido número de 11 milhões de brasileiros
desempregados. Mas se não lhe faltasse apoio político, Dilma teria se mantido
no poder mesmo assim. Perdeu-o, antes de tudo, porque não soube e não quis
fazer política.
O
presidente interino Michel Temer sabe tudo ou quase tudo de política no que ela
tem de mais antigo, de mais tradicional. E ama o que faz. Completará, em breve, um mês no cargo.
Conseguiu montar uma ampla coligação de partidos capaz de garantir sua
permanência no cargo para além do impeachment definitivo de Dilma.
Mas
ela garantirá, por tabela, a aprovação das duras e impopulares medidas
econômicas que Temer será obrigado a remeter ao Congresso? E a que preço? Ao
preço da reafirmação de velhos males responsáveis pela ruína da Era do PT, tais
como o loteamento de cargos no governo e a tolerância com a corrupção?
Um
Congresso corrompido e corruptor se renderá a um governo que se pretenda
decente? Ou o contrário parece ser mais factível? Essa é a questão à procura de
uma resposta. Se ela não for bem resolvida nem por isso permitirá a volta de
Dilma, mas tampouco que Temer governe até 31 de dezembro de 2018.
A
situação econômica do país será afetada, sim, pela crise política. Temos um
Congresso acuado à medida que a Lava-Jato descobre seus podres; um governo
frágil e, dado às circunstâncias, dependente de um sistema partidário que já
implodiu; e uma Justiça que cada vez mais vai muito além dos seus chinelos.
É
um quadro indigesto e refratário à luz.
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