quarta-feira, 6 de maio de 2015

COISAS DA VIDA

A PREVISÃO

Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte

(POR VIOLANTE PIMENTEL) José Romeiro, um comerciante de Natal, gostava muito de música e era um pesquisador nato da música antiga, especialmente da "modinha". Também sabia dedilhar um violão, e gostava de se acompanhar cantando. Indiscutivelmente, era possuidor de invejável cultura musical, apesar de não ter formação acadêmica. Muito convencido, o comerciante fazia questão de se auto-elogiar, não esperando elogio de ninguém.

Chegou a publicar uma coletânea de modinhas, focalizando antigos compositores, como Catulo da Paixão Cearense. Desprovido de modéstia, dizia, abertamente, que se considerava o homem mais inteligente do Rio Grande do Norte. Mesmo sendo um homem íntegro, essa sua vaidade o tornava antipático aos olhos das pessoas ligadas à intelectualidade da cidade. Isso também incomodava até os seus amigos mais íntimos.

Estavam se aproximando as festas de Natal e Ano Novo. Terminava a década de 60 e as pessoas crédulas aguardavam, com ansiedade, as previsões dos videntes, sobre os acontecimentos que marcariam a vida da cidade e do país, no novo ano.

Uma conhecida vidente de Natal, "Mãe Jacinta", que morava no bairro das Rocas, fez suas previsões para o novo ano, e o principal jornal da cidade publicou a sua entrevista. Entre as previsões estava escrito que, no primeiro semestre do novo ano, morreria em Natal um grande vulto, uma das maiores culturas do Rio Grande do Norte, uma das pessoas mais ilustres da cidade. A notícia publicada no jornal se espalhou. A repercussão foi grande, e virou assunto principal em todos os lugares da cidade, inclusive nas mesas de bar. A vidente deixou claro que o óbito do grande homem ocorreria em Natal mesmo.

Não deu outra coisa... José Romeiro tomou para si a previsão de Mãe Jacinta",  e entrou em pânico. Antes que se concretizasse o agouro, preparou as malas e viajou com a família, imediatamente, para o Rio de Janeiro, até que passassem os seis primeiros meses do ano. José Romeiro somente apareceu em Natal, no segundo semestre de 1970. São e salvo!!!


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