segunda-feira, 11 de maio de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XIII)

pt.dreamstime.com

DORINHA

Coisa boa demais voltar, depois de anos, para a terra natal (nem que seja a passeio), rever parentes e amigos, pedir a benção ao padre que o batizou e crismou, percorrer as ruas que marcaram a infância, perguntar por Dorinha:

-- Como está Dorinha?

-- Do mesmo jeito, embora muito mais velha. Continua fazendo a alegria da molecada.  


VIDA DE GADO

Um dia a política abandonou a racionalidade. Se é que um dia a política foi racional.

O povo é o que se sabe: tolo, falso malandro. Louquinho da silva por mentira bem contada. Povo adora “bolsa”, condena a corrupção – a não ser que ela o favoreça.

Políticos, os piores à frente, não sobrevivem por obra do acaso.

São profissionais: conhecem o rebanho.


JEJUM

Segunda das bravas O telefone toca, o coitado atende. Uma, duas, três, quatro, quinze vezes. Com a educação possível.

É a velha que não escuta querendo saber quanto custa para lavar o edredom.
(Perdão, senhora: aqui não é lavanderia.) É o gerente querendo convencê-lo de que os juros cobrados pelo banco são excelentes. (Obrigado, amigo, não quero empréstimo.) É a moça do consórcio querendo lhe empurrar um carro, é a senhora da creche pedindo ajuda, é, é...

É o mundo lhe torrando o saco.

Na vigésima vez, não perguntou quem era, bateu pesado:

- Vá pra puta que o pariu.

Era a mulher. De TPM.

Vai jejuar um mês.





Nenhum comentário:

Postar um comentário