MISTÉRIO
Meus
males os atribui à chuva
quando
interessava-me ter respostas,
e
minha nudez sobre a mesa posta
era
mão aflita a procurar a luva.
Meus
medos os atribui ao vento
quando
em busca de um porto mais seguro
mantinha
a vida como o meu futuro,
singrando
mares de puro tormento.
Porém,
se foi a chuva com o medo,
o
vento dissipou o mal bem cedo,
hoje
navego em outro hemisfério,
levado
pela força da paixão,
movido
pelo instinto da razão
e
perseguindo também o mistério.
Recife,
1991
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