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LUZ E SOMBRA
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Cara: fui muito mal? Seja sincero, por favor, me fale a verdade. Pra mim, é
muito importante. Comecei o trabalho ontem, não deu nem tempo de esquentar a
cadeira e me vejo ao lado do deputado e da cúpula do partido tendo que dar
opinião sobre isso e aquilo. Quase surtei. Não gosto de falar em reuniões,
prefiro escrever. Sou tímido, falo muito em boteco, depois da terceira.
Entende?
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Você foi bem. Bem demais, Osvaldo.
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Jura?
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Por que mentiria para você?
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Ufa! Que bom! Fico feliz demais.
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Não deveria.
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Como assim?
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Luz projeta sombra. Dois assessores do deputado, Osvaldo, já querem vê-lo pelas
costas.
TODO MUNDO FICAVA DODÓI
1986.
Vereadores paulistanos pediam – e obtinham! – licença “por motivos de saúde”
com uma facilidade impressionante. Em seus lugares, assumiam os suplentes,
ávidos por apresentar projetos e discursos inócuos. Os titulares continuavam
ganhando normalmente seus salários. Os suplentes também, muito embora alguns
tivessem que dividir a grana com os primeiros. A conta, evidentemente, era paga
por todos nós. Em julho, em pleno recesso, muitos se licenciaram e foram
assistir aos jogos da Copa do Mundo no México. Até então não se sabia que o sol
escaldante de Guadalajara e as emoções que uma competição dessas provoca faziam
tão bem à saúde. Não há reforma política que dê jeito na falta de caráter.
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