sábado, 9 de maio de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XI)

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OFERTA E PROCURA

O carroceiro estava inconformado. E não escondia sua revolta de ninguém:

-- R$ 1,20! R$ 1,20 o quilo da latinha! Um quilo é igual a 62 latas vazias. Não adianta por areia pra enganar. Os homens são espertos. Se for pego enganando, não vende mais ali e em lugar nenhum na redondeza. Esse negócio já foi bom. Cheguei a receber R$ 1,80 por quilo. Agora, o que dá dinheiro mesmo é juntar só o lacre da lata. Aquilo vale ouro. Se encher duas garrafas de Coca de dois litros e meio, o cara está boneca. Compra o que quiser. Compra até cadeira de roda.

- Cadeira de rodas?

- É mano. Estranha, não. A gente nunca sabe o dia de amanhã.



CARTÓRIO

-- Bem, mocinha, quanto custa esta averbação?

-- R$ 1.200.

-- Aceita cartão?

-- Não. Só cheque.

-- Cheque?

-- Nosso ramo não abre mão do papel e do carimbo.


DONA FLOR

Vadinho da Vila Invernada, codinome Tavares, o canalha, sedutor de viúvas de maridos vivos, não se fez de morto:

-- Rosa, minha rosa, rainha das flores, mulata das mulatas: eu quero ser o outro da sua vida.

-- O que é isso?

-- Não me diga "não", Rosinha. Sei de suas carências. É Carnaval.

-- E daí?

-- Teodoro está quase morto; eu, só alegria.




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