quarta-feira, 28 de outubro de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XCVII)

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INTERNET

MÃE X FILHO

O fato ocorreu há 50 anos. Morávamos na periferia de São Paulo, casa boa para os padrões locais. A rua sem asfalto, em dias de chuva forte, ficava quase intransitável, até para pedestres. Usávamos galochas. O pai trabalhava bastante, não rejeitava hora extra, mas ainda não conseguira comprar um carro, ia e vinha de ônibus.

Numa sexta-feira, chegou tarde do serviço, quase meia-noite. Mãe e avó preocupadas com a demora, embora ela não fosse novidade. Mal ele se sentou à mesa para jantar, começou o inferno: cães vadios latiam ensandecidos ao redor da casa. Nos dois lados e nos fundos, terrenos baldios. Vinha do telhado, um barulho estranho, parecia de passos.

O pai não teve dúvidas: é ladrão, ele vai descer pelas escadas que levam à área de serviço e tentar entrar pela porta da cozinha. Teve, então, uma “ideia genial”. Aquele homem de fala mansa incorporou um tenor:

-- Mãe: traga o revólver – gritou ele para minha avó, que respondeu ainda mais alto:

-- Você, filho, está louco? Nunca tivemos armas em casa!

Quase surtamos. Totó infartou. Mas, minutos depois, o barulho no telhado cessou. Os cães, assim como chegaram, se foram, barulhentos. Uma pergunta nos atormentou por muito tempo:

-- O que faria um ladrão no telhado de uma casa sem chaminé?



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