quarta-feira, 7 de outubro de 2015

COISAS DA VIDA

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O “IMPREVISTO”

(Por Violante Pimentel) Jordel, um aluno de 12 anos, muito insubordinado e completamente desprovido de inteligência, foi reprovado por duas vezes, num colégio público de uma cidade do interior. Não sendo mais aceito, sua mãe colocou-o, então, numa aula particular, dirigida por Dona Marisa, uma antiga professora  da cidade. Muito austera, a professora ainda utilizava os antigos métodos de ensino, punindo os alunos com "bolos" de palmatória nas mãos, privação da hora da merenda, e permanência de joelhos em caroços de milho.

A professora se empenhou em ensinar Jordel a ler, e a lhe transmitir bons hábitos de educação, mas a luta foi inglória. O comportamento insubordinado do aluno superava a paciência e a habilidade da professora, apesar da sua experiência no magistério. O aluno perturbava o ambiente da sala de aula, provocando os colegas e ridicularizando a mestra. Chegava ao ponto de atirar-lhe bolinhas de papel, enquanto a mesma, de costas para os alunos, escrevia no quadro-negro. Escondia o material da sala de aula, como apagador e giz, o material escolar dos colegas, e também o lanche.

Depois de três meses, a professora atingiu seu limite de tolerância e mandou chamar a mâe do aluno, Dona Laura, para pedir-lhe que procurasse outra escola para Jordel. Expôs a situação à mulher e contou-lhe que o comportamento do seu filho estava atrapalhando as aulas. Prejudicava, inclusive, o aprendizado dos colegas.  A professora também disse à mãe do aluno que passara a ter crises de hipertensão, pelas contrariedades diárias que estava tendo com ele. 

Muito contrariada, Dona Laura mudou-se para Natal com o filho, conseguindo para ela um emprego de merendeira numa escola municipal. Jordel não continuou os estudos, e, quando se tornou rapaz, conseguiu um trabalho na limpeza de um hospital. 

Vinte anos depois, a antiga professora, Dona Marisa, sofreu um AVC, e veio com urgência para o melhor hospital de Natal, onde foi submetida, com sucesso, a um procedimento cirúrgico melindroso. O médico que a operou estava radiante com o êxito da cirurgia. Depois de passar dois dias na UTI, a paciente foi transferida para um apartamento do hospital. A professora sorriu ao ver o semblante de satisfação do médico que a operou.  Entretanto, durante a visita médica, inesperadamente, a paciente sofreu uma parada cardíaca, e foi a óbito. Tudo aconteceu em poucos minutos. De nada adiantaram os esforços médicos para tentar salvá-la.

Violante Pimentel
Violante Pimentel
 é procuradora aposentada
  do Estado do Rio Grande do Norte

Dr. Eleno, desesperado, procurava uma explicação para o ocorrido e não encontrava. De repente, o médico olhou para o lado e percebeu no chão o plugue onde estavam ligados os equipamentos hospitalares, que davam suporte à vida da paciente, inclusive a máscara de oxigênio. Em seu lugar, estava ligado outro plugue, pertencente ao aspirador de pó, que estava sendo usado no corredor do hospital.

Por coincidência, o encarregado da limpeza, "sem querer", tinha trocado o plugue que estava na tomada. Esse faxineiro era o ex-aluno Jordel. O caso foi abafado.




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