sexta-feira, 16 de outubro de 2015

PORTA DA RUA

DIVULGAÇÃO

E o Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, caçador incansável de bicho de pé imaginário, fez o que sempre faz: rasgou o verbo:

-- Tiago, você é uma porcaria. Ora, quer ser político. Ora, quer ser empresário. Ora, quer ser sei lá o quê. Você é mandrião, não gosta de trabalhar, quer dar um golpe na praça. Quando a coisa aperta, se faz de maluco, abraça árvores, fala com pássaros, pisa em brasas pra queimar a sola dos pés e ficar de licença médica, recebendo sem pegar no batente. 

A neta predileta, Irene (a eterna noiva), e a patroa, Mafalda, se encresparam:

-- Que barbaridade! -- protestaram em uníssono.

-- Barbaridade é este sujeito estar aqui com essa cara deslavada. Não pense você, Tiago, que me amuo por você ainda não se ter casado com Irene, muito embora estejam noivos há mais de década. Por mim, não se casariam nunca. De estorvo, estou cheio. Cansei de carregar malas que não são minhas. Você é uma mala que não me pertence. 

-- Vovô!!!

-- Meu velho!!!

-- Moleque: saiba que opiniões diferentes das minhas não me incomodam, não. Ao contrário. Em geral, elas me fazem melhor. Ou menos ruim, como quiser. Mas, para emiti-las, o sujeito precisa ter caráter. Não é o seu caso. A porta da rua é serventia da casa. (OS- 2013)


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