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BREVES E MAL
ENSAIADAS
REFLEXÕES SOBRE O
MACHISMO
Quando Deus nos modelou (os machos) e colocou a massa no forno, na
região da púbis, o barro não rachou. Pelo contrário, projetou-se para fora, formando
uma protuberância, uma saliência atrevida. Esse (feliz) acaso, provocado pelo
excesso de alguma substância diferenciada no barro utilizado, supostamente
colocou-nos, ao longo da história da humanidade, do lado do poder.
E isso é fácil de explicar: ela significava força, massa muscular,
uma capacidade maior de execução dos trabalhos físicos. E isso nos valorizou
(os machos).
Nas sociedades primitivas, esse (feliz) acaso nos tornou guerreiros,
intrépidos, atrevidos, sanguinários, valentes. Quase sem querer, dominamos o
mundo.
As mulheres viviam felizes cuidando das suas tarefas de mulheres e
chorando os guerreiros mortos nos campos de batalha.
Mas, rei morto, rei posto, o choro era curto e logo arranjava-se
outro macho mantenedor e defensor da prole.
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E essa condição não existia só no ocidente. Na China feudal,
anterior à Revolução Cultural do Grande Timoneiro, era comum as famílias
maldizerem e exterminarem as filhas fêmeas, porque significavam uma boca a mais
e uma menor força de trabalho no campo. De certo modo, isso só se modificou a
partir da revolução comunista, que em menos de cem anos transformou um país
medieval e repleto de grandes injustiças sociais numa grande potência mundial.
Nas sociedades mais modernas, onde a mais valia e a possibilidade do
lucro sempre as orientou e ditou as leis, essa condição não só foi mantida como
foram criadas regras sociais que a justificassem. Quem quiser que fosse de
encontro à elas (as regras sociais)! Sempre estivemos todos nelas enquadrados.
Na medida em que o desenvolvimento tecnológico foi substituindo a
força de trabalho masculina pela força de trabalho das máquinas e equipamentos,
foram se consolidando as condições adequadas (do ponto de vista do lucro do
sistema) para que as mulheres fossem se emancipando e ocupando outros lugares e
papeis nas sociedades. Isso sempre rendeu uma aparente satisfação (para elas) e
a manutenção do lucro (para os donos do sistema).
(FEVEREIRO DE 2013)
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