O
"QUEBRA-GALHO"
(Por
Violante Pimentel) É viajando que todo mundo vira poliglota.
Aprende-se a se entender em qualquer língua, e em qualquer lugar do mundo, de
acordo com a necessidade do momento. A linguagem da necessidade é universal. A
timidez é capaz de matar alguém de fome. "Quem não fala, Deus não
ouve", diz o ditado.
Sempre surgem situações
hilárias, em viagens. Mas, no grupo, sempre há alguém que se propõe a ajudar,
representando verdadeiro “quebra-galho” entre os colegas de viagem. Essa pessoa
normalmente se propõe a resolver qualquer tipo de problema que surja, inclusive
aqueles relacionados com a Alfândega. O "quebra-galho" resolve
qualquer parada, sem se enrolar. Tem desenvoltura, bom humor e usa a mímica com
perfeição. Mesmo sem dominar, a contento, a própria língua pátria, ele enfrenta
qualquer língua estrangeira e consegue se fazer entender.
Nominando era assim. Um
"quebra-galho". Muito simpático, e ótimo companheiro de viagem, era
quem se propunha a resolver qualquer problema que surgisse no grupo.
Certa vez, um grupo que
estava fazendo turismo em Paris, tomou um táxi para se deslocar. O motorista
era francês e tinha a cara muito fechada. O frio que entrava pela sua janela
fazia tremer. Ninguém conseguia se fazer entender, para pedir ao homem que
fechasse o vidro do carro. Um dos passageiros pediu em francês e outro em
inglês, mas o motorista não deu a mínima. Nisso, o "quebra-galho"
Nominando, matuto que mal dominava o idioma português, falou, autoritário, ao
motorista:
-- Fechê le vidre si vu plê!
Falou num tom enérgico,
apontando para o vidro do carro que estava aberto, e o homem o fechou,
imediatamente.
Violante Pimentel é procuradora aposentada do Estado do Rio Grande do Norte |
Em um restaurante, as
pessoas do grupo queriam comer carne de gado. Até então, só encontravam nos
cardápios carne de carneiro, e ninguém aguentava mais. Para pedir carne bovina,
Nominando, o "quebra-galho", entrou em ação e conversou com o
“maitre”:
-- Le pessoal não querer
comer "méeeee". Le pessoal querer comer “muuuuu”!!!
O maitre entendeu muito
bem…E a turma pode saborear a desejada carne bovina.
Em outra oportunidade, em
sua casa, no interior do Rio Grande do Norte, Nominando recebeu a visita de um
professor de Francês, com a seguinte saudação:
-- Entrê, monsiê, se la portê
tivé fechê, pulê por riba…
Como "em terra de cego
quem tem um olho é rei", Nominando, na sua cidade, era chamado de
poliglota. E era sempre convidado a integrar grupos de viagem, desfrutando de
cortesias.
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