YES, NÓS TEMOS BANANAS!
No
quintal da casa em que morávamos, no Pina, havia, entre outras fruteiras, três
pés de banana. Dois de banana prata, e um de banana maçã. Os pés de banana
prata ficavam na parte posterior do quintal, perto de um terraço que havia na
cozinha. O local, sempre úmido, devido a água utilizada que escorria pelo
quintal, era adequado para os pés de banana prata. Segundo o meu pai, eles
gostavam mais da umidade. O pé de banana maçã ficava numa área mais afastada e
arenosa.
Como
as frutas eram utilizadas apenas para o consumo doméstico, podíamos esperar que
os passarinhos, geralmente sanhaçus e guriatãs que frequentavam o nosso
quintal, dessem a primeira bicada em uma das bananas do cacho. Era o sinal de
que já estavam adequadas para serem utilizadas. As bananas pratas, grandes e
doces. As bananas maçãs, menores e com um sabor mais diferenciado. Elas faziam
a nossa festa.
Hoje,
que as casas com quintais praticamente desapareceram do Recife, fazemos a
colheita das bananas nos supermercados. E, embora ainda possam ser encontradas
as bananas pratas e as bananas maçãs, proliferam nas prateleiras as bananas
pacovan. Não me lembro de ter referências desse tipo de banana até alguns anos
atrás. Como sempre faço em caso de dúvidas, vou ao google em busca de
explicações e descubro, no site da Ceplac o seguinte esclarecimento: “banana
pacovan - resultante de uma mutação da banana prata, é atualmente a bananais
plantada no Norte e Nordeste do país. Possui porte alto (6 a 7 m). Os cachos
são cônicos, com peso de 16 Kg e 7,5 pencas, em média. Os frutos são grandes,
com quinas salientes (mesmo quando maduros) e casca grossa. Pesam 122 gramas em
média, e apresentam sabor menos intenso que a prata. É susceptível àsigatoka
amarela e negra e ao moko, moderadamente susceptível ao mal-do-panamá,
medianamente resistente aos nematóides e brocas. É sujeita ao tombamento pela
ação dos ventos”.
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Muito
prazer, banana pacovan. Acabo de conhecer a tua história. O teu sabor, já
conhecia e o sabia menos agradável do que o gosto da banana prata normal. Eu e
os morcegos que invadiam a nossa cozinha, à noite, no bairro do Cordeiro, em
dia de bananas prata na fruteira. Comiam as bananas e sujavam tudo com as suas
fezes frenéticas. De vez em quando, colocavam Cida, minha cara metade, para
correr. As bananas pacovan, porém, nunca os interessou. Amadureciam intactas.
Isso sempre me chamou a atenção.
Como
diria Braguinha na sua marcha carnavalesca famosa dos anos 30 do século
passado, em parceria com Alberto Ribeiro, “Yes, nós temos bananas!”. A música,
gravada originalmente por Almirante, em 1937, catapultou a carreira de Carmem
Miranda nos States e foi regravada por um monte de gente, inclusive Caetano
Veloso.
Mas
é com os versos bucólicos do compositor pernambucano Aristides Guimarães, meu
amigo, que nos anos 70 agitou o panorama musical recifense, que encerro estas
mal traçadas linhas. Não lembro o nome da música, mas os versos eram assim:
“A
lua tem quintal e bananeira,
A
lua tem estrelas.
A
lua tem quintal e bananeira
e
quem mais queira”.
Recife,
fevereiro 2016
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