quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

CHÁ DAS CINCO: PAULO LEMINSKI

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A LUA NO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
-- Amanheça, por favor!




O QUE QUER DIZER
O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.





Paulo Leminski Filho (Curitiba PR 1944 - idem 1989). Poeta, romancista e tradutor. Aos 12 anos, ingressa no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e adquire conhecimentos de latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandona a vocação religiosa. Viaja a Belo Horizonte para participar da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda e conhece Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, criadores do movimento Poesia Concreta.

No ano seguinte, publica seus primeiros poemas na revista Invenção, editada pelos concretistas, e torna-se professor de história e redação em cursos pré-vestibulares, experiência que motiva a criação de seu primeiro romance, Catatau (1976). Leminski também atua como diretor de criação e redator em agências de publicidade, o que contribui para sua atividade poética, sobretudo no aspecto da comunicação visual. Fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, Leminski pratica judô, escreve haicais e uma biografia de Matsuo Bashô. O interesse pelos mitos gregos, por sua vez, inspira a prosa poética Metaformose. (Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br)


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