TONY CURTIS NO RECIFE
A
história já nos havia sido contada nos anos 90, a mim e ao poeta José Rodrigues
Correia Filho, por Mário Lanza, na Praça do Sebo. Evidentemente que não se
tratava do tenor americano, que na verdade se chamava Alfred Arnold Cocozza,
mas de um recifense seu fiel admirador e possuidor de um acervo fabuloso sobre
ele, adquirido no próprio sebo ao longo de vários anos de pesquisa.
Um
dia de sábado, pela manhã, como sempre fazíamos naqueles tempos, ficamos sabendo,
no Sebo, da morte de Lanza, o admirador. O seu acervo fabuloso nos interessava,
principalmente ao poeta Rodrigues, colecionador compulsivo. Corremos para a
praia da Boa Viagem, onde ele morava no Edifício Holliday. Chegamos tarde.
Alguém mais apressado do que nós já havia adquirido a coleção, vendida por um
dos seus filhos. Como dizia Liêdo Maranhão, os maiores inimigos de um acervo
arduamente construído ao longo de uma vida, não são as traças. Mas sim a
família do falecido, quando não se identifica com tudo aquilo.
Mas,
deixando a digressão de lado e voltando ao nosso assunto principal, através de
Lanza, naquele dia, tomamos conhecimento da visita que o ator americano Tony
Curtis e sua esposa na época, a atriz Janet Leigh, fizeram ao Recife, em 1961.
Segundo o nosso interlocutor, os dois, de mãos dadas, atravessaram a ponte
Duarte Coelho, no centro da cidade, posando para fotografias.
No
entanto, segundo a fotografia publicada no Diario de Pernambuco do dia 26 de
setembro de 1961, acompanhados por amigos e familiares, os atores teriam
passeado pela cidade em uma caminhonete escoltada por guardas da Delegacia de
Trânsito, antes de seguirem viagem áerea.
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Uma
outra versão, consta no livro Estudo de Cinema Socine, segunda a qual, os
atores, acompanhados das filhas Kelly e James Lee Curtis, com apenas dois anos,
passearam pela cidade por conta de uma parada no Recife do navio em que
viajavam. Ainda segundo o livro, os repórteres Fernando Spencer e Selênio Homem
de Siqueira acompanharam o casal nas visitas em que fizeram a vários pontos
turísticos recifenses, finalizado com um passeio descontraído de Janet e das
filha pelas areias mornas da praia da Boa Viagem.
Segundo
a fotografia em preto e branco publicada pelo Diario de Pernambuco, como era
comum na época, Tony Curtis trajava calça branca e um paletó pardo, além de
sapatos e cinto pretos. Janet, bem descontraída, uma sandália escura aberta,
pulseiras, um vestido também pardo e uma bolsa branca. Ambos se mostraram
simpáticos e solícitos. Os dois guardas da Delegacia de Trânsito, como não
poderia deixar de ser, vestiam seus trajes de gala, o que nos leva a supor que
a visita fora previamente anunciada.
Tony
Curtis morreu em Las Vegas, em 29 de setembro de 2010. Janet Leigh, em 3 de
outubro de 2004. O repórter Fernando Spencer, que depois se transformaria em um
dos destaques do ciclo do cinema super-8 no Recife, também já faleceu. Selênio
Homem de Siqueira faleceu no Recife, no ano passado.
Assim,
a história mesmo confirmada por mais de uma fonte, faz parte do passado
glorioso da cidade do Recife.
Recife,
fevereiro 2016
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