À ESPERA DOS
BÁRBAROS
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O que
esperamos na ágora reunidos?
É que os
bárbaros chegam hoje.
Por que
tanta apatia no senado?
Os senadores
não legislam mais?
É que os
bárbaros chegam hoje.
Que leis hão
de fazer os senadores?
Os bárbaros
que chegam as farão.
Por que o
imperador se ergueu tão cedo
e de coroa
solene se assentou
em seu
trono, à porta magna da cidade?
É que os
bárbaros chegam hoje.
O nosso
imperador conta saudar
o chefe
deles. Tem pronto para dar-lhe
um
pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes
e títulos.
Por que hoje
os dois cônsules e os pretores
usam togas
de púrpura, bordadas,
e pulseiras
com grandes ametistas
e anéis com
tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje
empunham bastões tão preciosos
de ouro e
prata finamente cravejados?
É que os
bárbaros chegam hoje,
tais coisas
os deslumbram.
Por que não
vêm os dignos oradores
derramar o
seu verbo como sempre?
(Trecho de
“À Espera dos Bárbaros”, de Konstantinos Kaváfis.
Tradução de José Paulo Paes)
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