quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CHÁ DAS CINCO: FERNANDO SABINO


De tudo ficaram três coisas.
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!

***

O homem disse que tinha de ir embora – antes queria me ensinar uma coisa muito importante:

- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o resto de sua vida?

- Quero – respondi.

O segredo se resume em três palavras, que ele pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos:

-- Pense nos outros.

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“O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove.”

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Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.

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A gente sofre muito: o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofrimento. Não para tirar dele uma compensação, mas um reflexo.

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Não sei se ela entendeu. Isabel já não me entendia, nem eu a ela: era um mistério para mim. Eu não sabia se ela havia mudado, ou se eu é que ia me tornando outro homem.

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No fim tudo dá certo... se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim.

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O suicida é aquele que perdeu tudo, menos a vida.


Liberdade é o espaço que a felicidade precisa.

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Mas a convivência é feita também de silêncio, e distância.

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Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher.

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O ar não é silencioso? O vento não faz barulho? E que é o vento senão ar? A música é o silêncio em movimento.




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