Chegou
a pensar que enlouqueceria antes de o dia amanhecer. Pensou, não: teve certeza.
O
pai o chamava ao quarto de hora em hora, no começo da madrugada. Depois, já no
meio da madrugada, o tempo entre uma chamada e outra encurtou para meia hora.
Não queria mais o cobertor, queria mudar de lado, queria ficar sentado, queria
tomar água, queria o cobertor de novo e mudar de lado também, queria tirar a
fralda, não estava na hora do café?
Entre uma chamada e outra, ele se digladiava
com seus fantasmas, chamava a polícia, chamava o ladrão, dizia palavrões que
nunca disse acordado. O dia chegou. E o pai, após tomar os comprimidos
matinais, perguntou ao filho:
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Nesta noite, eu não dormi muito bem. E você? (OS
– outubro/2013)
Tocante, simplesmente...
ResponderExcluirQuincas