Juvenal, desde sempre, foi o que é: um desassossegado. Em meia hora, tem
um milhão de idéias, duas centenas de planos geniais – na opinião dele, claro –,
uma lista extensa de ações que não saem do papel, por inviáveis. A família já
não suporta mais ouvir sua cantilena. Os filhos não lhe dão ouvidos. Carlota, a
mulher, em busca de um pingo de paz, cava a própria sepultura:
-- Vá tomar uma, Juvenal, pra se acalmar um pouco.
Juvenal vai. E Juvenal volta mais agitado do que foi: cheio de novos planos
inúteis. Juvenal não dá o passo. Juvenal é otimista em pensamento, mas
pessimista na ação. Só vê obstáculos. Para ele, há sempre um “porém”, há sempre
um “senão”.
A família tentou de tudo: clínico geral, psicólogo, psiquiatra, pai de
santo, benzedeira, sessão de descarrego etc. E tudo deu em nada. Juvenal continua
cheio de planos. Mas não tira a bunda da cadeira.
A família, depois de tantas idas e vindas, resolveu consultar o Velho
Marinheiro, que, pra variar, foi direto ao ponto:
-- Cortem o dinheiro da cachaça e do cigarro dele. Juvenal é mandrião.
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