O NEGÓCIO
foto: Julio Covello. |
Grande
sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abastecem de
pão e banana:
— Como é o
negócio?
De cada três
dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa:
— Deus me
livre, não! Hoje não...
Abílio
interpelou a velha:
— Como é o
negócio?
Ela
concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato.
Com a dona
Julietinha foi assim. Ele se chegou:
-- Como é o
negócio?
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O vizinho
espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo,
pum-pum, duas pancadas fortes na porta. O marido em viagem, mas não era dia do
Abílio. Desconfiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu:
— Como é o
negócio?
Diante da
recusa, ele ameaçou:
— Então você
quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto!
— Espere um
pouco — atalhou Julietinha. — Já volto.
Abriu a
janela, despejou água quente na mão do negro, que fugiu aos pulos.
A moça foi
ao boteco. Referiu tudo ao velho Abílio, mão na cabeça:
—
Barbaridade, ô neguinho safado!
O vizinho
não contou e o cometa nada descobriu. Mas o velho Abílio teve medo. Nunca mais
se encontrou com Julietinha, cada dia mais bonita.
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